" Há mais solidão num aeroporto
que num quarto de hotel barato,
antes o atrito que o contato."
(Zeca Baleiro)

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Sentimento de estimação.

Eu tinha um desses. Desses que se costuma ter quando se tá feliz. Apesar de ter certo fascínio em criá-lo debaixo da minha tristeza meio molhado de lágrima. Mas eu tinha um. Perdi em janeiro. Janeiro não é um mês tenso? Carrega nele toda uma expectativa de futuros onze meses. Sei lá, dá frio na barriga.

Mas eu tinha, era falso, mas tinha.

Meses foram se gastando e ganhei outro. Oquei, eu menti. Mas quem não mente? Não ganhei, achei no chão, enrolado em merda, podre, uma essência podre e cheio de coisas que muito me atraíram. Nossa, como me atraíram! O lado sujo, escuro e triste, sempre me entorpece, me deixa estática em pensamentos que andam mais que meus pés, que correm mais que criança e voam pra lá, pra onde eu guardo tudo de mais meu, de mais secreto, de mais errado, de mais promíscuo, de mais humano.

Me identifiquei de cara com esse outro, tão vivo e cheio de manias. Mania de egoísmo, mania de saudade, mania de tristeza, mania dele, só dele. Feito gente. Talvez até mais gente que eu. Talvez, por isso resolvi criá-lo.

Alimentei por meses, contando os dias pra crescer. Claro que tive medo, de me machucar, levar uma arranhada ou uma mordida de tirar pedaço. Mas foi um risco que eu quis correr, eu precisava de um novo pra me sentir viva. Me dispus. Fui seduzida pelas manias que pareciam tanto com as minhas.

Cresceu noutro janeiro, mas foi ingrato. Levei a mordida. Talvez até tivesse sido eu a culpada. O mimei e não me protegi, mas como disse, era um risco preciso. Precisava mais dessa, de mais história, de mais uma dor. Ou talvez a culpa tenha sido mesmo do janeiro, da expectativa.

O cheiro da sua saliva ainda quente permanece. Nela eu consigo ver as manias, a podridão de um pseudo-humano, consigo sentir a dor da perda. É quando a lágrima cai em cima que penso e foco mais e mais a dor. Não a dor da mordida, mas a dor da alma. Dessa que vaga por aí, à procura de um janeiro mais calmo.

Não deu tempo pra saber se era, ao menos, verdadeiro.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Saudade

Às vezes penso que a saudade é uma forma de fugir da realidade para viver o passado.
Às vezes penso que a saudade é um modo diferente de reconstruir o presente.
Mas acabo concluindo... Que é só uma maneira de construir o futuro.
Um futuro nostálgico! Cheio de sonhos...
Sonhos que foram fomentados por sonhos que já se foram.
Acordo e vejo chão... Só o chão. O chão de meu presente. Um chão de saudade...
Saudade do nosso chão! Apenas saudade. Apenas ilusão.

[/Desculpe-me. É apenas saudade...
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