" Há mais solidão num aeroporto
que num quarto de hotel barato,
antes o atrito que o contato."
(Zeca Baleiro)

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Sobre chorar

Quem nunca se trancou no quarto com raiva da vida e desabou em lágrimas? Quem nunca chorou por alguém? Quem nunca tentou de todo modo controlar mais não conseguindo chorou de emoção?

Alguns mais, outros menos, mas a verdade é que todos já choraram por alguma razão. Pessoas emotivas, como eu, choram constantemente. É como se fosse um ato de descarregar algum sentimento incontrolável. Desde a infância, sempre chorei muito, infelizmente, pois odeio isso. É como uma fraqueza, uma fragilidade que é maior do que nós. No entanto, chorar não é sinônimo de fraqueza.

As vezes é bom chorar. Quando sofremos, essa é a melhor forma de extravasar a amargura do nosso coração. Imagino pessoas que tenham dificuldades para chorar, devem guardar mágoas eternas dentro de si, ressentimentos e tristezas.

Chorar é demonstrar emoção. Tem músicas, por exemplo, que o choro é inevitável de tão belas. Filmes que de tão tocantes a emoção é certa. Chorar ao ler uma linda cata de amor dedicada a você. Chorar com palavras de afeto. Chorar por conta da realização de um sonho. Chorar por causa de "eu te amo", faz sem dúvidas a vida florescer a nossa volta.

Claro que, quando o choro é de amargura dói, dói muito. Já chorei até meus olhos ficarem inchados e vermelhos. Chorei que quase alaga a cidade inteira. Mas depois passa, e nasce um novo dia. E a gente pensa que a vida é isso mesmo. A história é lavar o rosto, enxugar as lágrimas e seguir em frente.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A falta que faz




Falta pássaros sobrevoando nossas janelas
Sobra fumaça
Falta identidade, vontade
Falta tempo
Falta espaço pros carros passar
Falta compaixão, coletividade
Falta história para contar
Falta modéstia
Falta imprensa séria
Falta segurança
Falta eu e você marcando uma bela dança
Falta gratidão, perdão
Falta saúde, liderança...
Falta solução
Falta educação. Sobra greve
Falta gente que não jogue lixo no chão
Infraestrutura
Falta criatividade textual, imaginação
Falta gente legal
Falta Saúde. Sobra greve
Falta governo. Sobra corrupção
Falta às sextas-feiras
Falta carnaval, papeis picados e gente cantando o refrão
Falta fé. Sobra religião
Falta amor. Sobra sexo
Falta comida. Sobra obesidade
Falta gente nova, maluquice, revolta
Falta até uma boa memória, para lembrar tanta coisa que falta


quarta-feira, 22 de agosto de 2012

A carta de 2070


  

Ano 2070. Acabo de completar 50 anos, mas a minha aparência é de alguém com 85. Tenho sérios problemas renais porque bebo muito pouca água. Creio que me resta pouco tempo. Hoje sou uma das pessoas mais idosas nesta sociedade. Recordo quando tinha cinco anos. Tudo era muito diferente. Havia muitas árvores nos parques, as casas tinham bonitos jardins e eu podia desfrutar  de um banho de chuveiro... Agora usamos toalhas de azeite mineral para limpar a pele. Antes, todas as mulheres mostravam as suas formosas cabeleiras. Agora, devemos rapar a cabeça para a manter limpa sem água. Antes, o meu pai lavava o carro com a água que saía de uma mangueira. Hoje, os meninos não acreditam que a água se utilizava dessa forma. 

Recordo que havia muitos anúncios que diziam CUIDA  DA ÁGUA, só que ninguém lhes ligava - pensávamos que a água jamais podia acabar. Agora, todos os rios, barragens, lagoas e mantos aqüíferos estão Irreversivelmente contaminados ou esgotados. Antes, a quantidade de água indicada como ideal para beber eram oito copos por dia por pessoa adulta. Hoje só posso beber meio copo. A roupa é descartável, o que aumenta grandemente a quantidade de lixo e tivemos que voltar a usar os poços sépticos (fossas) como no século passado já que as redes de esgotos não se usam por falta de água. 

A aparência da população é horrorosa; corpos desfalecidos, enrugados pela desidratação, cheios de chagas na pele provocadas pelos raios ultravioletas que já não tem a capa de ozônio que os filtrava na atmosfera. Imensos desertos constituem a paisagem que nos rodeia por todos os lados. A industria está paralisadas e o desemprego é dramático. As fábricas dessalinizadoras são a principal fonte de emprego e pagam-nos em água potável os salários. Os assaltos por um bidão de água são comuns nas ruas desertas. A comida é 80% sintética.  Pela sequidade da pele, uma jovem de 20 anos está como se tivesse 40. 

Os cientistas investigam, mas não parece haver solução possível.  Não se pode fabricar água, o oxigênio também está degradado por falta de  árvores e isso ajuda a diminuir o coeficiente intelectual das novas gerações. Alterou-se também a morfologia dos espermatozoides de muitos indivíduos e como conseqüência há muitos meninos com insuficiências, mutações e deformações. O governo cobra-nos pelo ar que respiramos (137 m3 por dia por habitante adulto). As pessoas que não podem pagar são retiradas das "zonas ventiladas". Estas estão dotadas de gigantescos pulmões mecânicos que funcionam a energia  solar. Embora não sendo de boa qualidade, pode-se respirar. A idade média é  de 35 anos.

Em alguns países existem manchas de vegetação normalmente perto de um rio,  que é fortemente vigiado pelo exercito. A água tornou-se num tesouro muito cobiçado - mais do que o ouro ou os diamantes. Aqui não há arvores, porque quase nunca chove e quando se registra precipitação, é chuva ácida. As estações do ano tem sido severamente alteradas pelos testes atômicos. Advertiam-nos que devíamos cuidar do meio ambiente e ninguém fez caso. Quando a minha filha me pede que lhe fale de quando era jovem descrevo o bonito que eram os bosques, lhe falo da chuva, das flores, do agradável que era tomar banho e poder  pescar nos rios e barragens, beber toda a água que quisesse, o saudável que era a gente, ela pergunta-me: Papai, por que se acabou a água? 

Então, sinto um nó na garganta; não deixo de me sentir culpado, porque pertenço à geração que foi destruindo o meio ambiente ou simplesmente não levamos em conta tantos avisos. Agora os nossos filhos pagam um preço alto e sinceramente creio que a vida na terra já não será possível dentro de muito pouco tempo porque a destruição do meio ambiente chegou a um ponto irreversível. Como gostaria voltar atrás e fazer com que toda a humanidade compreendesse isto, quando ainda podíamos fazer algo para salvar ao nosso planeta Terra!



sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Namorar é para os fracos




Certa vez, assistir uma palestra de um escritor que gosto muito chamado Rubem Alves. E ele contou uma história, de uma conversa que teve com a sobrinha dele.
O diálogo foi mais ou menos assim:

- “Fulana” como vai o namorado? Disse o escritor

- AH nós terminamos.

- Ora, mas por quê?

- Porque estamos começando a nos gostar, e eu não quero me apaixonar.

Então, Rubem Alves ficou se perguntando, “se eles estavam se gostando, por que terminaram?”. O estranho é que isso é super comum, as pessoas têm medo de se apaixonar. Antes, eu não entendia, agora entendo. Dá medo mesmo. Você fica submisso, possessivo, ciumento, parece que não consegue viver sem o outro. E não consegue mesmo, causa até doença, dor física, mal estar. Ou será que foi/é/será só comigo? Duvido muito.

Então, qual é o motivo das pessoas sempre procurarem um par, uma companhia, um passeio a dois? Coisa de romance de novela. É porque apesar de tudo, é o melhor sentimento que se pode ter na vida. Não sei o que é felicidade, mas sei que quando se ama, chegamos o mais próximo dela.

Uma prima minha (Tamara) disse (meio de brincadeira) pra mim que namorar é para os fracos. Ri muito dessa frase na época. Fiquei pensando: Que merda eu sou fraca pra caralho!
Mas tudo bem, quero morrer assim, fraquinha que nem uma pena. Ráh!

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

O inconsciente de um sonho já consciente



Os sonhos são considerados as coisas mais loucas da coisa mais complexa que é o homem [sua mente]. Acho que por isso é louco. A complexidade guarda com muito carinho a loucura. E a loucura a sete chaves a complexidade. Pra falar a verdade, não tenho apreço pelo simples e pelo lúcido [não o tempo todo]. Que graça tem o caminhar dos dois juntos, a todo o momento? O papo é desvendar, descobrir, o sentido e motivo de tudo, com o decorrer da loucura de certas atitudes, bem devagar. Eu disse "devagar", o que nada tem a ver com intenso.

A origem de um sonho é considerada, ainda por muitos, o inconsciente. Apesar de achar que o caso aqui difere um pouco. Esses me parecem bem conscientes. Presentes todos os dias. É, tenho plena consciência desse desejo. Confesso que antes, andava guardado ali no fundo da massa enrolada de dentro da minha cachola enrolada. Mas agora é bem mais explícita sua origem.

Não tem coisa mais escrota: acordar de manhã de uma irrealidade tão boa. Me acordei com um aperto. Parecia tão real. Uma chave em um chaveiro colorido. Uma porta. Uma sala, pequena, mas só minha. Uma cozinha. Quarto. Banheiro. Pronto. E os braços abertos. Braços em conjunto com um olhar e um sorriso gigante em perfeita combinação aos cabelos, feito de alguém que há muito tempo não me via e que aparentava felicidade ao fazer.

Chaves, porta, sala, cozinha, quarto, banheiro e abraço. Combinação alucinógena.
Mas o que eu dizia? Ah, sim, o sonho quanto mais louco é, melhor. E quanto mais cores têm, mais sons, mais cenas, a realidade parece mais próxima. E machuca, por isso. O que foi dito naquele abraço, naquele espaço, eu guardo aqui, nas lembranças. Foram frases misturadas, tiradas de um canto real e de outro criado no inconsciente já consciente das minhas vontades, transpassadas ao sonho.

Sei que corro aqui um risco grotesco de ser clichê. Mas sabes de uma coisa? Quanto mais se trata de sentimento, de loucura, de vivência, o clichê vai tá ali de mão dada com tudo isso. E sempre vai ser bem visto, por mais que aparente brega. Mesmo não gostando dessa palavra. É, talvez por preconceito, mas nada que a minha vivência não resolva isso com o tempo. Assim como esse sonho. Nada que a minha vivência não me permita agir acompanhada da loucura e não dê uma força ao tempo, tornando o desejo real.

O sonho também tem outra origem. Dizem. Menos científica, é verdade. Mas dizem que alguns são acompanhados da paranormalidade e acabam por prever certos acontecimentos. Eu bem que ia gostar em descobrir que adivinhei esse momento. Mas, às vezes, quando essas possíveis adivinhações se tornam preguiçosas, a gente têm que dá um empurrãozinho.


#Ficaadica!
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