" Há mais solidão num aeroporto
que num quarto de hotel barato,
antes o atrito que o contato."
(Zeca Baleiro)

domingo, 29 de dezembro de 2013

Efemeridade.

Sempre escuto que a vida é efêmera, que ela passa muito rápido e que devemos aproveitar tudo. Não vou dizer o contrário, mas vou especificar isso. Acho que algumas coisas na vida são mais efêmeras do que outras. Um pôr-do-sol que acontece sem uma câmera por perto para você registrar, certamente é mais belo, é um momento único que se guarda dentro de si.

Devemos ter a capacidade de identificar aquelas coisas que talvez jamais veremos de novo, de repetir "eu te amo" mil vezes se a possibilidade de ver a outra pessoa novamente por muito tempo seja mínima. Às vezes são coisas grandiosas, como um show que talvez nunca mais você tenha chance de ver, uma proposta de emprego, algo assim. Ou coisas tão simples como o pôr-do-sol que eu falei no começo, como um beijo lento e saboreado a cada movimento.

Digo isso porque depois sempre acontece de pensarmos: "Se eu soubesse que seria a última vez...", se soubéssemos que seria a última vez teríamos observado o sol sumir até o azul ir tomando conta do céu e as estrelas aparecerem, teríamos falado "eu te amo" sem parar, pulado e gritado até perder a voz no show, aceitado o bendito emprego, beijado de todos os jeitos, desde o desesperado até o mais gentil.

Sobretudo, se soubéssemos que seria a última vez... Talvez nunca deixaríamos certas coisas, entenderíamos de ficar ali para sempre, simplesmente por não querer deixar aquilo para trás. A vida continua e as efemeridades continuam passando, por isso que são tão rápidas e imprevisíveis, talvez essa coisa tão fugaz tenha sido feita para escapar entre os nossos dedos, por isso é tão especial.



quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Sobre intimidade.


       

Você já deve ter ouvido falar, ou então ter falado também: "Dê dinheiro mas não dê intimidade", e todas as outras variações que essa frase pode ter. Sempre achei isso engraçado porque na maioria das vezes as pessoas estão em uma eterna busca pela intimidade.

Falo, por exemplo, dos casais, quando uma garota fica constrangedoramente feliz quando o namorado sabe dos seus hábitos, sejam eles quais forem. Dos amigos, quando entram na sua casa e vão direto para a geladeira ou se jogam no sofá. Quando você pode falar qualquer tipo de besteira e não será estranho ou chato.

E geralmente, a intimidade vem com o tempo, depois de anos de convivência. Mas acho ainda mais divertidas aquelas que surgem do nada, a pessoa que você conhece um dia e então um mês depois já sabe identificar com quem ela está falando ao telefone pelo simples tom de voz que ela está usando. Por mais estranha e inconveniente que a intimidade possa ser, uma vez que se tem é difícil esquecer ou deixar de lado alguém que já sabe tanto de você.

Então, mesmo tendo lados ruins (os quais eu não mencionei de propósito, não quis mostrar pessimismo) não acho que devamos rechaçar a intimidade. A eterna busca por companhia, calor humano e compreensão começa com a permissão que damos a alguém para que ela entre na nossa rotina e participe da nossa vida. E então damos liberdade para ela ser quem é, quando ambos podem ser genuinamente quem são, a intimidade surge... E aí é com vocês.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Olhos nos olhos.


A questão do olhar é tão discutida que às vezes é difícil falar o que tem em um olhar de verdade.
Olhar é gostoso, olhar tão de perto e ver os filamentos que fazem a íris do outro, ver além da pupila, além da pura estética, da anatomia. Ver o que realmente aquilo representa, olhar nos olhos de alguém é banhar-se na sua luz, deixar seus sonhos, sua ideias derramarem-se sobre você, é gostar daquilo, no fim.

Sempre achei difícil olhar assim, abrir-me dessa maneira, achava olhar nos olhos a maior invasão. A forma que a outra pessoa me veria de verdade, encarando-se não se mente, não se trai. Hoje, ainda evito isso, sinto medo de não agradar e tenho medo de meus olhos dizerem as coisas que eu guardo muito profundamente, que não podem despontar.

Encarar às vezes é considerado falta de educação, e me espanto em ver como as pessoas querem franqueza hoje em dia se não deixam os olhos dizerem tudo que se quer dizer. Quando sorrimos eles sorriem junto, pare em frente ao espelho, sorria e cubra sua boca, seus olhos sorriem, deles saem as lágrimas, eles semicerram-se quando estamos com sono, ficam vermelhos quando doentes ou bêbados.

Os olhos são portais, janelas da alma virou um clichê, porque eles estão além disso, estão no âmago, na caixa secreta de todos nós. Olhar nos olhos é abrir uma porta, permitir uma leitura de nós mesmo, paixões, segredos, está na parte mais intensa e íntima de todos os medos, olhar nos olhos é desnudar, abertamente se entregar.



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♪ Do Paolo Nutini eu tenho que falar muito, simplesmente me apaixonei por ele, Last Request, Million Faces e Autumn são com certeza músicas perfeitas para embalar momentos apaixonados e sonhadores.

sábado, 16 de novembro de 2013

Ciclos.





Temos consciência de que as coisas na vida estão em constante mudança, nunca serão as mesmas. Mas, chegando ao fim de um ciclo, nos pegamos em alguns momentos pensando: "Como eu gostaria que isso nunca acabasse".

A gente se adapta, se acomoda. E sabemos que podemos voltar aqueles mesmos lugares, com as mesmas pessoas. Mas será diferente. Não é o mesmo tempo, nem as mesmas experiências.
Muitas vezes eu me perguntei, durante a adolescência, qual o momento em que nos tornamos adultos. 

E hoje, descobri que, na maior parte do tempo, precisamos identificar quem são as pessoas que nos fazem adultas também. Quem nos ensinou de todas as formas, na teoria ou prática. Quais situações e quais lugares nos trouxeram hoje ao lugar onde estamos.
 
É preciso seguir em frente, nunca parar, crescer. Eu gostaria que muitos ciclos nunca acabassem, mas eles se fecham... Para dar lugar a outros e mais outros, até o dia em que não haverá mais ciclo a ser renovado, apenas concluído. Mas o mais importante é: manter por perto quem nos faz crescer, mudar para melhor e evoluir. As pessoas que nos tornam adultas, enfim.

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quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Saudade.




Saudade é uma coisa assim: Você gosta e não gosta de sentir. Uma dorzinha gostosa, um querer ver, vontade de beijar, de abraçar, é lembrar daquele sorriso e sentir uma coisinha aguda bem no fundo do peito, pensar em momentos bons e sentir uma dormência pelo corpo inteiro.

Mas em algumas horas dói tanto que dá vontade de chorar, de sair de casa, pegar um ônibus, andar. Encontrar aquele alguém, aquele lugar, o toque que te faça vibrar. Por vezes é bom sentir saudade mas depois de um tempo entristece, o coração chora, endurece, dá lugar à solidão.

E quando matamos a saudade? Que o peito explode, vem um sorriso espontâneo, encantador, dá vontade de cantar, de amar. Porque afinal, saudade é bom sim, faz bem ao coração, você passa algum tempo longe e tudo muda de figura, é mais prazeroso, mais delicioso, ver o rosto ou o lugar amado depois de tanto tempo, parece que tudo conspira para que seja perfeito.


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Sinto falta de muitas coisas, algumas companhias, alguns sorrisos, lugares, abraços, algumas ainda estão no estágio gostoso, da dorzinha boa... Algumas já avançam rapidamente e ficam doendo até serem exterminadas, gosto de pessoas que me fazem sentir saudade, pois essas pessoas são as que se tornaram essenciais.
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♪  Escuta esse meio antiga, Don't Tell Me da Madonna  ^^

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Flores.




Já escutei muito algumas mulheres falando: "Não gosto de receber flores, elas vão morrer de qualquer jeito". Acho besteira dizer isso, pronto, falei. Flores são tentativas de demonstrar que ainda existem gestos românticos. Acho lindo ver homens nas ruas carregando buquês que estão prestes a entregar, olhar moças sorridentes no ônibus enquanto carregam, orgulhosas, uma simples rosa.

Ah, eu sei, que coisa mais à moda antiga. Só ganhei flores uma vez, três rosas vermelhas, pra ser exato. Rosas vermelhas não são as que eu mais gosto, mas naquela noite foi. Gosto de tulipas, são as que eu mais gosto, mas nunca recebi. Hoje, os presentes variam desde livros até eletrônicos. E o romance fica perdido em um cartãozinho comprado e colocado dentro, na maioria das vezes com uma frase já impressa.

Não precisam ser rosas vermelhas gigantes em um buquê todo arrumado e cheio de papel celofane. Pode ser uma flor que pegaram no caminho e deram... Significa que alguém lembrou de você. Flores tem entre suas pétalas mais do que perfume e cores belas... Desde muito antes elas carregam histórias de amor e demonstrações de paixão.

Mas está tudo relacionado a essa ideia atual de que mulheres não precisam mais dessas coisas. Se você dá chocolate elas reclamam que vão engordar. E se você dá flores elas desprezam, como se fosse a coisa mais sem graça.

Pois eu discordo dessas atitudes, porque sei que, ao menos comigo, alguma coisa derrete por dentro. Mulheres querem ser adoradas e desejadas. Adoram escutar todos os dias que são lindas. E toda mulher merece receber em algum momento da sua vida uma flor que seja. É bom ser mimada de vez em quando e deixar de lado tudo que é mais moderno. Romance faz bem, vai que você gosta?





                                                                 Foto: Março, 01/2009.

domingo, 13 de outubro de 2013

Segundo Domingo de Outubro.




Chega uma época em que não param de falar dela. É foto, roupa nova e cartazes de vários passeios. E os olhos brilhantes que avistam de longe e falam: "Ah, tô vendo ela. Égua! Como ela tá linda esse ano!".

A verdade é que ela é toda bela todos os anos, o ano inteiro. Até mesmo quando se guarda fechada em seu domo de vidro.

Ela passa mansa, posando tranquilamente, pois todos sabemos que logo ela estará em todos os perfis do Facebook, será Trending Topic no Twitter e ficará perfeita com qualquer filtro que usarem no Instagram.

Qualquer refletor lhe deixa maravilhosa e mesmo sob o sol fervente do meio dia, de Belém, ela se impõe, majestosa.

"Que horas ela chega?", "Quanto tempo ela vai demorar aqui na frente?". E todos se acotovelam para olhá-la. E lhe dão flores, promessas, prendas e cheiros. Para todos ela olha com bondade, nunca exigindo mais, sempre acalentando quem chora ao seu simples aparecimento.

Aí ela se recolhe, depois de tanto passeios, tantos rostos. Ela sobe e fica lá em cima, quietinha na sua beleza que traz tanta paz. Mas continua a receber visitas. Sempre tem quem diga: "Vou lá. Quero ver ela". Arrastados pelo poder que ela detém de nos emocionar ao simples vislumbre.

No final, todos vamos lá vê-la. É Círio de Nazaré em Belém. Feliz Círio a todos.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Faróis.

 Existem pessoas que são tipo faróis. Sim, desses faróis de praia, de ilha. Pessoas que emitem uma luz própria tão forte que atrai quem está perdido e dá conforto aos que achavam que não havia mais salvação. 
Muitas vezes eu me pergunto se todo mundo tem uma missão na vida. Se há algum objetivo específico que devemos alcançar. O chefão a ser enfrentado antes de terminar o jogo. 

Pessoas que são faróis devem decifrar isso bem cedo. Farol ilumina, sim. Mas também fica vazio por muito tempo. De vez em quando é revisitado. Alguém vai lá, limpa o interior, renova as lâmpadas e tira a poeira dos vidros. Mas depois vai embora, como todos os outros. Farol de vez em quando é só ponto turístico, não um lugar pra se morar. 



Gente farol é assim mesmo. Ilumina, guia, ajuda. Mas é difícil cuidar de um farol. É trabalhoso, requer atenção e disponibilidade. É complicado ter a luz de um farol inteiro só pra si, mas para isso, tem quem saiba domar, que sabe cuidar sem desperdiçar, e talvez seja essa a missão dessas outras pessoas.
Pois existem pessoas que são tipo cuidadores de faróis...

sábado, 14 de setembro de 2013

Além de você.


Às vezes eu acho que não estou pronta para ninguém além de você. Depois de algum tempo, quando penso que tudo se curou, a verdade me atinge como água gelada. Um conjunto de frustrações e empecilhos para que eu enfim conclua que eu não estou pronta para ninguém além de você.

Eu ainda tenho mil segredos para dividir. Muitos versos que precisamos rimar. Eu escrevi sobre tantas pessoas e no final de cada texto ao menos uma frase era você. Eu sei todas as minhas sequências de dramas nessa lástima desenfreada.

Eu compreendo todos os seus gestos em cada flor abandonada. Mas ao mesmo tempo, alguns querem esquecer, outros conversar. Muitos querem textos. Palavras, tantas letras. A cada pedido um gosto amargo sentido diretamente no coração, mas uma doçura repentina, que dura pouco, mas que vale a pena. Palavras que eternizam aquilo que há de se perder. Todas as coisas que me mostram que eu não estou pronta para ninguém, só você.

O quanto eu já vivi além de você? Tantas vezes eu cheguei ao ponto que pensei ser o limite e era apenas mais um teste, pois havia muito mais. E deve haver. Eu preciso que tenha muito mais, meu amor, além de você.

domingo, 8 de setembro de 2013

Já foi.



Quando eu era criança eu tinha aquela ideia de que meus pais nasceram adultos. Sim, eu pensava que eles não tinham sido crianças ou adolescentes como eu. E que, por isso, eles não me entendiam às vezes.
Aí a gente vai crescendo e do nada, não se tem mais quinze anos. Subitamente você não está no Ensino Médio. Aí de uma hora pra outra sua preocupação já não é mais o vestibular. Você está mais velho, no final da faculdade, sua preocupação é emprego. Quando vou sair de casa? O que quero da vida? Vou conseguir ser contratado em algum lugar? Vou casar algum dia?

Tudo que te preocupava quando pequeno de repente é irrelevante. E você vê pessoas mais novas passando pelo mesmo ciclo. O que aconteceu com a gente? Onde foi parar a magia daqueles anos em que tudo era simples, era amor, reclamações adolescentes, mágoas e paixonites que pareciam o fim só para depois já aparecer outra?

Eu sinto falta e mal saí desse tempo. Eu já tenho nostalgia de coisas que se passaram em menos de uma década ainda. É complicado falar dessas coisas sem ser clichê. Mas são apenas desabafos racionais sobre saudade de tempos mais fáceis, em que o futuro parecia tão claro quanto água direto da fonte.

Eu gostava de mim naquela época, da minha esperança, até da ingenuidade de achar que tudo seria exatamente daquele jeito para sempre. Como a vida muda, e a gente também. Mas que continuemos a crescer, sem deixar para trás aquele mundo de sonhos que só a adolescência nos permitia almejar. Esse é o mundo que a gente queria. O lugar onde eu gostaria de viver.




sábado, 24 de agosto de 2013

Sobre Paixão.


Às vezes me olhas com uns olhos gulosos de quem quer me prender, me guardar. Essa vontade tão forte me faz sorrir mas também me aflige até a ponta dos dedos. Essa tua vontade reflete na minha, mas não será concretizada pois entendes que é um capricho passageiro.
Isso me tira o ar. Fico assim pois não há absolutamente nada que eu possa fazer. Aí fico desgastada, me desdobrando em mil formas de me ligar a ti nos mínimos detalhes, poucas palavras.
E me pergunto que paixão grudenta é essa, que não satura, não descarrega. Que categoria é essa de paixão agressiva, que te quer a todo o custo e ignora todo o meu bom senso?
Pois quando te vejo sinto algo próximo da arritmia. É exagerado, mas meu coração mal consegue se conter. As pupilas dilatam tanto que mal dá pra discernir a cor real dos meus olhos. E ainda assim espero conter tanta vontade no mesmo coração, torço todos os dias pra que essa paixão se canse, esfrie e finalmente me abandone. Pois teus olhares gulosos logo cessam, mas meus contornos não cansam de buscar teus encaixes.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Sobre dançar.




Começa assim: sonhei que a gente dançava. Uma música agitada, muito sambarock. Havia água por todo lado e parecia que o mundo desabava, mas, no sonho, eu sentia que precisava dançar essa com você.

A verdade é: cada vez que você me estendia a mão para dançar eu dizia que tinha dois pés esquerdos. Quer dizer, eu tinha vergonha de não saber dançar bem. Você tinha aquele gingado, aquele dom (mentira-rs-). Era lindo ver você dançar. E no sonho eu podia ser a dançarina dos seus olhos.

Um dia, nas profundezas da galeria empoeirada da memória, você me ensinou a dançar diferente.

Apenas nós dois. Você me fez subir nos seus pés e deu até um nome para esse passo. Tinha algo a ver com estrelas e astros. Era coisa de criança, mas você se movia e eu ria alto, sentindo o cheiro do seu pescoço, pois cangote de quem se ama é aconchego, pura paixão.

E acaba que eu já não lembro mais qual música a gente dançava. E quais eram seus movimentos mágicos. Eu já nem sei quando pude admirar seus pés de bailarino. Hoje, na verdade, eu até que danço, pulo, engano. Mas valiam mesmo os passos sobre os pés. O cheiro de cangote. Algo a ver com estrelas e astros.

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sexta-feira, 21 de junho de 2013

Filmes de Romance.





Há um tempo não vejo filmes de romance. Acho bonito, até interessante, mas descarto sempre que posso.
O que há sobre filmes românticos é que eles usam a exceção. Normalmente uma pessoa larga tudo para viver um amor incerto, pelo simples sentimento de achar que aquele é o amor da sua vida. O que filmes de romance não mostram, é que, na maioria das vezes, o cômodo é bem melhor.

Gente acomodada sabe que não está com a pessoa que vai fazer seu coração palpitar todos os dias. Entende quando encontra o certo. Mas tem medo de sair daquele conforto, aquela relação que inclui a família, todo mundo gosta, todo mundo aprova.
Em filmes o cara sempre vai atrás da aventura, do talvez. A moça abandona o altar, o homem termina noivados... Enfim. Nos filmes a exceção é a regra.

A fantasia é bonita, mas não é justo que nos iludam. Não é certo achar que mesmo o possível amor da sua vida tendo outra ele pode largar tudo para ficar com você. Pois a vida real inclui outras pessoas que também tem sentimentos e vivem suas histórias.

Seria lindo se todo mundo que descobrisse não estar com a pessoa certa tivesse coragem de deixar o outro ir, mesmo que fosse para ficar só. Pois uma das coisas mais tristes é "manter" um relacionamento pelo puro medo da solidão. 

Esse texto é um apoio aos acomodados do mundo. Que se libertem se aqui não for o certo. Que aprendam que amor é pleno, completa. Todos nós merecemos viver o amor das nossas vidas, a paixão arrebatadora, que nos fez suspirar por mil noites.

Vão viver seus filmes de romance. Mas todos sempre com finais felizes.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Sobre cartas.




"Mesmo assim, não lhe pareceram necessárias tantas explicações, embora pedisse a Fermina Daza o favor de não ler a carta.

_ Claro - disse ela - No fim das contas, as cartas são de quem as escreve. Não é certo?
Ele deu um passo firme.
_ Sem dúvida - disse. - Por isso são a primeira coisa que se devolve quando há um rompimento".

Ou não. Talvez o Florentino esteja errado. Esse trecho é de um livro que li recentemente, "O amor nos tempos do cólera", de Gabriel García Márquez. Ele tem um romance inteiro feito de cartas, mil cartas, recheadas de flores, perfumes e promessas. Um amor escrito, idealizado.
Cartas são presentes. Sempre me expressei melhor escrevendo. Esse é, afinal, meu elemento. Costumava fazer cartões de aniversário gigantes há uns anos, cartas enormes, ou pequenas, mas com um conteúdo considerável.
E acredito, muito mesmo, que podemos manter amores por cartas, se apaixonar, viver um a vida do correspondente. Hoje cartas são tão subestimadas que ganhar uma já é antiquado. Mas, para mim, nada substitui uma boa carta, escrita a mão, em páginas bonitas ou arrancadas de caderno, escritas no susto do momento, inflamadas de pura paixão, ou ponderadas e quase desenhadas.
Nosso melhor e nosso pior, cartas de amor e de raiva, letra pura, essência. Guardo cartas de anos atrás, porque é um prazer reler algumas e saber que em algum momento do passado alguém pegou uma caneta e me escreveu algo. Afinal, cartas são passado, são presentes.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Sobre equilíbrio.



Subitamente tudo que acreditei e defendi com unhas e dentes há alguns anos parece errado, não faz mais sentido entre as minhas crenças. E eu vejo que o que me parecia certo há tanto tempo, hoje parece apenas banal.
O que é a vida senão um combinado de fases? Uma hora se quer tudo, em outra hora não se quer nada além de estar consigo mesmo. É pegar na mão e amar tão intensamente que ao pensar no passado não enxerga os momentos que se pensou no próprio bem estar. Para depois olhar para o próprio umbigo e pensar onde diabos ele esteve o tempo todo.

A vida se compõe por um punhado de sentimentos e vontades que muitas vezes nos cegam. Como o amor que exclui nosso senso de autopreservação. Ou a raiva, que apaga o senso do ridículo (e vive-versa).
Não apenas isso, mas muitas pessoas pensam tanto em si que esquecem dos outros. E tudo que conseguem ver no passado é o que fez, como foi que se saiu naquilo. É como tirar uma foto com as pessoas mais importantes da sua vida e não pensar no sentimento feliz de reunião, mas ampliar a foto apenas em si para ver se não saiu feio.
Eu demorei um pouco para chegar a um ponto que considero equilibrado. Onde consigo pensar em todos que eu quero bem sem me excluir e não enxergar os danos que uma relação destrutiva pode trazer.
Não quero o equilíbrio para sempre, porque às vezes todo mundo precisa se desestabilizar um pouco para lidar com tudo que pode lhe acontecer. Por enquanto eu vivo um equilíbrio. Quem sabe quais ventos virão me empurrar e em quais direções eu vou.


Nota -clichê- : "Vale mesmo é viver."
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quarta-feira, 1 de maio de 2013

Práxis agonizante.



O insistente abrir dos olhos agonizava seu sonho atordoado. A tentativa de fuga era inútil. Como de costume, aliás, nos últimos meses. Longos meses perturbados por dúvidas renitentes.

Acordou finalmente. As seis chamadas não atendidas quase se encontravam com os olhos inchados e remelas secas de uma noite mal dormida. A dor ainda se encontrava na vista cansada. Com certeza a consulta ainda não marcada com o oftalmologista não resolveria seu problema.

Cinco e meia da manhã, hora de teorizar a situação para enfim por em prática ideias que nunca se concretizam: Práxis-matinal-cotidiana-idealizada. Inútil costume.

Respirar fundo, engolir a saliva, discar o número.

“Não”.
O orgulho sempre fala mais alto.

A água gelada por hora resolveria. O banho mandava embora as palavras ditas e as poucas ouvidas. A toalha por fim enxugaria o arrependimento e o telefone tocaria em seguida:

“Bom dia”.




terça-feira, 23 de abril de 2013

Memorabilia.


Quando abro minhas caixas coloridas, gastas nos cantos, cheias de papéis, documentos e tantas coisas... Lá está você. É como um pedestal, nada obsessivo, mas é como também vive dentro de mim. Você está longe dos olhos, assim não o sinto no coração.

Nossos melhores sorrisos soterrados sob papéis velhos, provas, fotos e notas fiscais. Enterrados debaixo do pós-amor, da calmaria depois da tempestade. Sob as minhas mentiras, conquistas, vergonhas, orgulhos. As melhores  poses e recadinhos trocados entre sms's (eu anotei tudo), todos emolduram sua imagem distante, milenar na minha contagem do tempo.

Porque você... Você é meu pôr do sol favorito. É como um reflexo perfeito na água pouco antes das gotas de chuva. É o último pedaço da melhor torta de chocolate, que a gente pega com a ponta da colher e saboreia cada partícula. Você é um milagre que me dá um beijo empoeirado e envelhecido entre os papéis.

Você é o traço de luz que fica grudado na retina depois que a estrela cadente passa. É o álbum de fotos depois da melhor das festas. Você é memória pura, papel amarelado que fica escondido e quando a gente acha, lê com nostalgia. Você passou. E nas traças do armário, nas fibras cardíacas, nos olhos mesmo que fechados, ficou.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Coleção.




O meu coração quer te colecionar. Ele se esparrama, se pendura, dá cambalhota quando te vê, mas não confunda: ele só quer te enfileirar.

Ele quer te pôr na lista das raridades, quer se gabar sobre você. Você confunde minha ânsia, minha espera, acha que estou apaixonada, mas isso é truque ambicioso do meu coração, que só quer te faturar.

É que eu te ofereço muitas palavras, jogo muitas coisas sobre você, quando na verdade sou apenas marionete desse que está no centro, e não no lado esquerdo. Ele comanda, dirige. 

O meu coração te quer como prêmio, é uma compensação depois de anos de maus tratos. É como uma vingança. Ele não vê a quem tem pureza, mas quer aqueles que podem ser colecionados. 

Depois ele quer te exibir, te expôr numa estante de planos incertos, magoados. Tudo que não deu certo por pura falta de esforço dele mesmo. É maquiavélico, e te aviso antes que você caia na dele. É que ele tem lábia, tem beleza, tem doçura... E provavelmente vai enfileirar você de qualquer forma. Só o que posso garantir é que ele faz de tudo para você não se arrepender.


terça-feira, 19 de março de 2013

Pausa.


Eu me curvei sobre meus pensamentos e tentei tirar a delicadeza e a doçura que aparecem nas entrelinhas dos textos. Eu busquei o que me inspirava, mas achei apenas uma impressão do que me foi tirado.
E aí eu mergulhei dentro de mim e encontrei afinal uma forma de deixar isso ir embora. Um jeito de dizer que não há mais o que declarar, que o amor se exauriu, foi extirpado.

Então, de qualquer forma, isso rendeu textos e textos de agonia amorosa, paixão incendiária, amor em forma de gente e palavra. Pois na escrita encontrava meus consolos que não sabia descontar na vida, no falatório diário.



Mas agora a vida é outra, a vida é nova. Não é o fim, nem o encerramento. Mas um período longo onde não tenho mais reflexões acerca do amor ou outros sentimentos para oferecer. É preciso mais novidade, mais diferença. Para escrever eu preciso de ventos fortes soprando no ouvido, tão fortes que não conseguiria pensar em nada, a não ser naquilo.

Embora não saiba o que está reservado mais na frente, eu posso dizer que é uma pausa que vai demorar um pouco. Porque uma gota d'água não alaga, mas emoção em excesso e com intensidade inunda, preenche. Não parem de amar e de se apaixonar, movimentem o mundo. Mas por mim, até a hora da volta, da vinda de um novo maremoto... Vamos dar uma pausa.

terça-feira, 12 de março de 2013

Chovia.



Era dia de chuva, e já tinham caído rios do céu. A garoa fina cobria os telhados que ficavam no nível da janela, e pingos adocicados escorriam pelo relance do vidro que víamos através das cortinas verdes.

Você tinha acordado de leve e apontado um dedo preguiçoso para a janela. Eu sorri no meio do quente/frio dos cobertores misturados ao embaçado da vidraça.  
Um beijo na ponta da orelha
 e um suspiro. 


Depois promessas quebradas, mentiras atiradas ao chão. Vou casar com você e todo dia 
vai ser calor e chuva gostosa para nos embalar.
A chuva trazia aos poros o melhor de nós, os sonhos e esperanças 
que ficam no fundo, no brilho do olho na hora do beijo. 
Você entrelaçando meus dedos e eu me aconchegando e imaginando 
se existiria melhor lugar do mundo para estar em um momento de chuva.

E que assim seja a época de chuvas. 
Pois todos os dias deveria ter calor e pingos d'água para viver. 
Amor debaixo do edredom e janelas embaçadas. 
Viva o calor de uma boa chuva, 
com beijos na orelha e muitos sussurros.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Talvez, organizar.

[Foto: Lua Clara]


Talvez ela saque exatamente do que esteja precisando. De organização! O foda é saber por onde começar. Em qual prateleira certa guardar [ou esconder] cada pensamento, cada neura que consome e corrói cada espaço imaginativo, ou até certo ponto concreto, existente nessa massa encefálica desgastada pelas atitudes erradas tomadas nos últimos meses.

As vivências. As coisas ditas em momentos que deveriam ser apagados. As coisas não ditas que até hoje permanecem na vontade de serem despejadas, vomitadas. As coisas ainda não ditas, mas que serão [ela sabe] ao tomar copos a mais. Coisas que provavelmente serão tomadas por goles engasgantes de arrependimentos. Talvez pelo fato de que serão ditas pra pessoa errada, ou não-preparada [AINDA. Esperançosamente falando].

Mas se ela sabe que serão ditas na hora errada pra pessoa errada, por que dirá? Porque ela se conhece, apesar de muitas vezes esquecer disso. Eu a conheço. Ela vai falar, ela tem vontade. Ela necessita saber de uma resposta.

Espere, minha cara. Não se precipite. Escute o tal do martelo doído na cabeça. Será que vai conseguir agir contra todas essas vontades e escutar esse nhenhenhenojento, renitente ali? Evitar aquela agonia toda vez que se lembrar da merda feita? Isso já aconteceu antes, gata. Evite!

Acho que não. Ela vai falar e depois se arrepender. Já anda até meio que agindo condizente às palavras existentes naquela massa enrolada em seus pensamentos encefálicos. E sabe o que vai acontecer depois?
Vai sentir a vontade de todas às vezes. Aquela da atitude extremista de sempre. A tal de apagar da cabeça. Pegar um puta baque e acordar com amnésia. Ou até mesmo ir ao consultório ilusório do doutor 'Howard Mierzwiak' e começar a sessão apague-toda-essa-neura-peloamordeDeus, conseguir o brilho eterno de uma mente sem lembranças e tomar em paz seu psicotrópico receitado pelo mesmo.

Talvez assim, do zero, consiga organizar nas prateleiras certas desses vinte e dois anos. Ou não?



segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Mudanças e rimas.




Tem roupas amontoadas no canto a quarto. 
Ela não quer arrumar. 
Faz tempo que seu quarto está de pernas pro ar. 
Está tão bagunçado quanto sua própria vida. 

Ela não sabe como se ama mais. 
Esta tentando aprender, mas não esta dando muito certo. 
Ela passa cinco minutos olhando para o teto. 
Tenta pensar em alguma coisa produtiva para fazer da vida, sem sucesso. 

Fala ao telefone, briga com ele, desliga, e pensa na sua merda de vida. 
Esta entediada demais para falar com alguém. 
O teto talvez a entenda melhor do que ninguém. 
Fecha as cortinas da janela, não quer ver a luz do dia. 

O sol geralmente agride seus olhos. 
Gosta mesmo da noite. 
Porque é na noite que a diversão acontece. 
Precisa sair e respirar. 

Mas ainda é meio dia, e só de olhar para fora o calor do sol queima a sua pele. 
Nem ela sabe dizer se está triste ou alegre. 
Tem realizações acontecendo, mas fatos que interrompem sua felicidade plena. 
Uma dor martela sua cabeça. 

Não consegue dormir, nem relaxar. 
Precisa sair do mesmo lugar, precisa viver. 
Precisa se desprender. 
Precisa terminar seus projetos, precisa começá-los. 

E terminar de ler os livros da estante e sair da internet. 
Precisa ir pra academia e fazer mais sexo. 
Precisa voltar a ser menina. 
Na verdade, precisa agora, finalmente, começar a ser mulher. 

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O Cheiro da minha Rosa.





Apesar de parecer com muitas outras, a rosa que eu cultivava no meu jardim tinha muitas peculiaridades. Por isso ela acabou sendo por muito tempo, única pra mim. 

A minha rosa era calma e serena. Tinha o cheiro doce e a voz suave. Além disso, tinha o sorriso largo e alegre.

A minha rosa falava em tom baixo e de forma pausada. Escutar ela falar me acalmava. Ela tinha a gargalhada mais escandalosamente deliciosa que eu já ouvi.

A minha rosa era atenciosa com todos. Estava sempre à disposição para um bate papo descontraído ou mesmo para dar uns conselhos quando necessários. Não por acaso ela vivia cheia de “causos” divertidos pra contar.

A minha rosa me ensinava dia-a-dia que é importante ser espiritualizado e buscar constantemente o equilíbrio em nossas ações.

A minha rosa gostava de ler tirando lições e aprendendo sempre algo mais. 

A minha rosa adorava falar baixinho ao pé do ouvido até eu dormir. Às vezes ela até dormia antes mim, mas mesmo assim eu gostava...

A minha rosa sabia quais “músicas da noite” eu gostava de receber por mensagem de celular nos dias que estava longe dela.

A minha rosa gostava muito de arte, nas diversas possibilidades em que ela pudesse se apresentar.

A minha rosa adorava cozinhar, usando pouquíssimo tempero e bastante sal. Por sinal, a sua comida de dia de domingo era deliciosa. Ela não gostava muito de sucos e saladas variadas.

A minha rosa não era ciumenta nem insegura, apenas um pouco carente.

A minha rosa às vezes tinha algumas crises existenciais. Nesses dias ela ficava um pouco impaciente. Mas isso costumava passar facilmente, quando era regada com carinho e cafuné.

A minha rosa sabia se estava feliz ou triste, só de me olhar. Meus olhos podiam enganar a muitos outros olhos, mas não aos dela.

A minha rosa gostava muito de brisa e café forte.

A minha rosa, como tantas outras, gostava de falar muito (muito mesmo!). Mas ao contrário da maioria, ela sabia também a hora de escutar.

A minha rosa era bem culta e por isso acabava me ensinando o significado de palavras que até então desconhecia.

A minha rosa gostava do toque, do cheiro... do beijo devagar e demorado, exatamente assim, “o jeito que ela gostava mais”. [risos]

Tudo isso fez com que a minha rosa se tornasse única dentre tantas outras semelhantes. O seu cheiro a tornava inconfundível. 



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quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

A Luz por Fanho Bezerra.




Com seu bom humor dramático, tal qual um pessimismo barato (risos).
Vendendo a  fiado carinhos de ontem. Mas, relativizando tudo as engrenagens sorriem com ar de esperança.

Possui uma incrível capacidade de criar devaneios que se confundem com a nossa-senhora-sociedade-doente, que de tão insistente rouba-nos os sonhos de criança e cria outros para serem colonizados mais tarde.

Características físicas não ouso escrever, aliás, ouso sim: bochechas grandes e fofas sem mais! Mas como não se lembrar do seu sorriso enorme e dos olhos puxados que fitam o pôr do sol numa quarta-feira qualquer.

Ama os amigos, isso é inquestionável. Isso me faz pensar que seja a partir desse sentimento que vem o estimulo para rir das piadas sem graças elaboradas pelos amigos.

Ela escreve super bem e deixa isso bem claro nas postagens que faz em seu blog. Sim, ela tem um blog... Tudo bem ninguém é perfeito.

“O Snoopy ver tudo, o Snoopy sabe de tudo, o Snoopy ouve tudo, o Snoopy é legal, o Snoopy... é o Snoopy”.

Quer aprender a tocar piano, ‘violar tocão’ e viajar por aí com uma mochila grande na costa. Os sonhos de hoje somam-se aos de amanhã, empurrando o clichê com delicadeza desejo-te que alcances todos, os de hoje e os de amanhã.

“Odeia” qualquer um que se chama André... I wanna love you and treat
you right.
I wanna love you every day and every night ♪♫ (um Reggae). Sorvete de chocolate com coberturas estranhas (certo, nada a ver).

Jéssica Luz... luz do abraço apertado, luz do sorriso fácil, luz que te resgata do tédio na madrugada, luz da amizade e dos devaneios compartilhados.

Nesse misto de poema, poesia, carta, cantiga de amor, cantiga de amigo depoimento de Orkut e esquizofrenia deliberada (e gramatical) tentei te mostrar de forma singela (às vezes, beirando a mediocridade) o meu enorme carinho por ti. 

Abraço apertado e o tradicional cheiro. 


Texto e Foto: André Bezerra.


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