" Há mais solidão num aeroporto
que num quarto de hotel barato,
antes o atrito que o contato."
(Zeca Baleiro)

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Andando em domingo...




Aquele domingo de sol fraco era propício a caminhar, com mão no bolso e cigarro entre os dedos. Foi o que fez.

No quarto havia pilhas de apostilas e textos. Umas espalhadas e outras amontoadas pela cama, sofá e por aquela escrivaninha antiga e já defasada, presente no cômodo desde a sua infância.

Com todas aquelas coisas pra ler, com toda aquela coisa acadêmica e obrigações a cumprir, não achava ali nenhuma concentração. A cada junção de letra, na tentativa de formar uma única palavra, mergulhava nos seus pensamentos e se afogava na própria confusão.

Saiu e caminhou. Andava e procurava insistentemente nos rostos das pessoas um sorriso de satisfação, de prazer, ou qualquer outra sensação boa que, no momento ela não conseguia sentir.

Até achar dois sorrisos, um em cada rosto, e prender toda a concentração que achou por meia hora neles. Era um casal de velhinhos. Conversavam e riam e trocavam carinhos tímidos. Era aquele tipo de sorriso de satisfação, por ter vivido tudo o que viveu, por ter vivido ao lado de quem eles gostavam, amavam. Era um sorriso feito coisa de filme “água-com-açúcar”, no qual o casal enfrenta todas as dificuldades do mundo sentimental, familiar, financeiros e outros tantos problemas da vida e no fim de tudo sempre superam e vivem felizes para sempre.

Se isso existe hoje em dia? Ela não sabe responder. Só sabe que torce realmente pra que isso não seja apenas coisa de filme.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Dezembro e seus espelhos...

Parece coisa feita. Dezembro acaba sendo sempre igual. O mesmo frio nos olhos refletidos pelo espelho do banheiro esquecido pela vassoura, balde e sabão. Aliás, que saco é lavar banheiro:

- Tenho mais o que fazer. Preciso treinar meu olhar-de-fim-de-ano no espelho. Ensaiar sorriso e um “prospero ano novo”, no mínimo, sociáveis.

Dez minutos na frente do espelho sempre resulta em frustração. Junto às olheiras e remelas, a percepção do tempo na face cansada, e mesmo assim ainda jovem, é nítida. Começa o momento nostalgia. Por trás de sua fiel e quase leal cópia, presa no retângulo pregado na parede, começa o filme dos aproximados trezentos e trinta e cinco dias até então.

As músicas e cheiros vêm à tona com força surpreendente. Lembranças latentes. O perfume dos protagonistas é tão forte quanto a trilha sonora. Tudo sempre muito vasto. A imagem, misturas de cores, velocidade das cenas são muito bem precisas ali na parede. Aliás, direção e produção lhe chamam tanta atenção quanto ao roteiro e ao elenco. E que elenco, que histórias!

A efemeridade sempre a assustou, mas esse ano a coisa se superou. O tempo é realmente uma caixa de surpresas. Porém não muito boas, como de práxis.

As lembranças a faziam fechar os olhos, franzir a testa, respirar fundo, engolir choro, lamentar, sorrir, lamentar outra vez, às vezes gargalhar. É, a parte cômica, devido algumas belíssimas e hilariantes atuações, também muito se marcou. Não foi de todo uma tragédia grega.

Dezembro. Fim de ano. Nostalgia em frente ao espelho. Olhar distante e lembranças com gosto de música e cheiro de vozes. Um olhar que passa de vago e frio à quente, vermelho e molhado:

- Obrigada, espelho.



domingo, 30 de novembro de 2014

Fim de novembro...




Olhava fixamente através da janela semi coberta pela cortina. A cortina de espirais coloridos que ainda se encontrava ali, debatendo-se pelo vento, tão maleavelvemente. Cobriam a vista de Carolina esses espirais coloridos dançando fluorescentemente à sua frente ao som de Tiersen, enquanto seus pensamentos misturavam-se à chuva fina e fria do fim de novembro, ao piano triste de La dispute.

Seus pensamentos iam muito além de espirais dançantes, chuvas renitentes e longas fumaças tragadas. Seus pensamentos iam até lá, àquela época. A nostalgia era densa, bem mais que a fumaça. Tão presente que Carol chegou a pensar está revivendo aquela dor outra vez. Aquela dor que se fez muito necessária até. Pois sem ela jamais teria aprendido tudo. Conformado tudo. Sofrido tudo. Se rebelado contra tudo. Se libertado da mentira e aprendido.

Ela lembra. De olhos fechados, apertando as lágrimas calmas que escorriam sem serem enxutas da face pálida de frio, através dos óculos quebrados [naquela época]. O coração batia forte a cada vez que as notas da música iam fluindo, cada vez que o piano disparava. O filme vinha à mente.

O fim de novembro é quando, em sua memória, seus desejos ainda não realizados, suas saudades, suas dores, toda a merda de uma época vêm à tona tudo misturado. Sentimentos, sensações mistas às lágrimas que caíam ao som, à chuva, ao frio. À vontade de achar a tal felicidade que ainda não sabe se é verídica. Esperanças de fim de ano, de que as coisas mudem, de que tudo vá à merda, de que eles estejam sempre perto e que os outros vão embora. De que a música transpire sempre as sensações. De que suas vontades mais inconscientes, aquelas abraçadas com o ID, não a machuquem e nem a ninguém. Que seus medos não se concretizem e que ali mais à frente aperte a mão da invisível felicidade.

domingo, 12 de outubro de 2014

Entrelinhas...

Não te quero assim, não te quero meu, não te quero em vão. Quero tua cor, tua dor, teu calor. Tua pele, tua vividez, teus brilhos.
Mas não quero teu olhar, tua languidez, não quero teus abraços reconfortantes depois de cada vez.

Quero me afogar nos teus cheiros e emergir para não rever. Pois tens que fugir, tens que sumir, desaparecer de mim. Mas não te quero tão longe a ponto de não poder te ter nas horas que me acordo. Nas horas em que tá escuro e eu te queria nas mãos, te queria no abraço.

Pois ao mesmo tempo te quero na linha, na palavra, na ligação. Eu te quero na contradição, na distância, nos quilômetros. Te quero ao alcance do fio do telefone, mas longe o suficiente do alcance do meu coração calejado.

Não te quero dela, mas não te quero pra valer. Te quero no esquecimento, na raiva que se apaga com o beijo, na insegurança, na penumbra. Te quero perto, longe. Onde o coração não está, mas o passado predomina nas entrelinhas. Quero te esquecer, te tendo, e vice-versa. Quero te amar, amor, te perdendo.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Café preto requentado.




Às vezes, quando falam de ti, eu penso algo do tipo "É, ele é legal" e sempre rolam aquelas definições clássicas: "Gente fina", "gente boa", "parceiro".
Me dá aquele geladinho, aperto gostoso de quem descobre que quer ter alguém e estão falando dele. Aquela sensação de formigamento pois talvez um deles saiba o que eu quero.

E eu me pego pensando em tanta coisa, mas, principalmente: "Eu me apaixonaria muito facilmente por ele (de novo)". E é verdade. Quando nos esbarramos eu sinto que poderia simplesmente cair de amores. Que estar ao teu lado nos dias frios me faria feliz. Penso que seria natural encontrar consolo nos teus olhos e conforto nos teus abraços, mesmo os mais banais.

Pois eu penso que não és mais daquelas paixões arrebatadoras. És quase uma paixão gourmet. Precisa ser saboreada, (re)descoberta lentamente. Julgo ter que te (re)conhecer, (re)aprender algo novo a cada dia, sem pressa. (Re)Descobrir aquele costume que, para mim, parecerá maravilhoso. Ler tuas expressões. E depois, acordar um dia e me descobrir apaixonada por ti (de novo). Se você permitir, te fazer se (re)apaixonar e depois, quem sabe, (re)transformar isso em amor.

Pois quando te vejo e tudo é tão atemporal, eu penso em nos cozinhar em fogo baixo até o ponto de ebulição. Não no sentido de enrolar, mas tudo por que não tenho pressa para aproveitar cada segundo de convivência ao teu lado.

Depois disso, quero viver em constante vibração das moléculas. Esperando que a cada dia que trouxer descobertas, seja que nem um café preto requentando salvando aquela madrugada fria e sonolenta. Espero que possamos nos saborear, e que tu possas facilmente se (re)apaixonar por mim e vice-versa.

sábado, 21 de junho de 2014

Em uma dessas sextas.





É que as vozes das pessoas, o cheiro do cabelo e bordões usados apenas por elas, são coisas que conquistam a sua atenção, que o tomam pelo gosto, assim, logo de cara, sem nenhum esforço. E toda vez que conhece alguém, por mais que os olhos rodem por efeito do álcool na noite, sempre pára pra observar esses caracteres, aparentemente tão triviais, mas indispensáveis, principalmente em conjunto ali.

Quando tudo misturado em uma só pessoa o cara ouve até Lucy, com flores de celofane nas mãos, sussurrar dizendo que táxis feitos de papel de jornal estão à sua espera. Dá uma volta pela memória, acabando naquela nostalgia quase que cotidiana e bem enrolada em suas neuras pretéritas.

Foi ali: Aquele braço direito que segurava uma garrafa de cerveja. Aquele braço, com aquele relógio preto na pele branca. O sorriso dado de graça, junto às gargalhadas, aos amigos. Conversas em uma noite de sexta. Sorriso de dentes bonitos. Armação grossa dos óculos cobrindo aqueles olhos investigativos. O alargador preto na orelha branca, coberto pelo cabelo longo-ondulado de castanho bem claro, quase loiro. Era simplesmente quase perfeita sem nem conhecer esse cheiro castanho-doce do cabelo, nem voz, nem bordões que ela gostava de usar.

Ele andava meio cético, não acreditava em muita gente. Nem sentia muita gente já fazia algum tempo.

Andava nostálgico também, por um tempo que não volta. Um tempo misto de sujo e felicidade. Uma felicidade suja. Irreal, criada apenas em sua cabeça. Transpassada ao coração com uma esperança gritante, uma expectativa gigante de felicidade.

Andava cego. Cego de vontade de olhar ao redor, cego pelo medo de perceber a mesmice em que havia se afundado. E o pior: Por conta própria, enfiando um pé de cada vez lentamente de olhos conformados, semi-fechados. O fato é que aquela merda toda de interesses, refúgios, aos fins de semana, de angustias que se transvestiam, cada vez mais, em cotidianas, passou de adubo a concreto. Esqueceu de olhar ao redor.

Mas foi ali, naquela hora que soube da presença do diferente. Naquele momento tudo veio à tona, ao ver aquele corpo, aquela pele, cabelos longos, relógio preto, gestos atípicos, contrastes e reflexos de luzes. Olhar oculto que investiga por entre os óculos e seus dedos de unhas azuis que insistentemente ajeitam a lente rebelde e escorregadia pelo nariz de traços firmes. Copos cheios de refúgio alcoólico espremendo um sorriso de graça pelas graças de amigos.

Será que foi isso? Foi isso tudo e só? Que fez com que deixasse a cegueira de lado? Com que tornasse a nostalgia ainda mais forte? E deixado aquele ceticismo, que, aliás, não lhe cai tão bem assim, ir embora? Será? Ele até hoje sente o desejo de descobrir o que aconteceu naquela sexta daquele mês chato que, a seu ver, contraditoriamente, nada tem a oferecer.

Contraditoriamente. Fato. Naquele dia foi lhe oferecido a dúvida, a incerteza, a inquietante sensação da tristeza e felicidade anexadas ao mesmo sorriso. Excitações, obscenidades, inveja, ciúme, luxúria, de uma paixão [não correspondida].

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Só mais uma nota mental e desafortunada.





Em momentos assim, são várias as hipóteses que se formam nas mentes bagunçadas de pessoas intimamente bagunceiras. Entre trancos e barrancos as pessoas costumam buscar situações e possíveis atitudes que justificam as mudanças ocorrentes em suas vidas, nem sempre bem-vindas.

O fato é que sentimentos e palavras a todo o momento mudam de forma. Sim, é verdade que há circunstâncias que bastante facilitam a consistência da mudança. Mas, beibe, nesse caso não se trata mais de circunstâncias, porém de sentimento. Por mais abstrato e subjetivo que isso lhe pareça, o que se está sentindo agora não é impossível de não ser mais sentido amanhã. E ponto final.

O que foi e o que não foi dito por ela, não apenas pela mudança intrometida, mas por ela, a menina de carne e osso, mexeu com as estruturas que antes serviam de base pra esses momentos rotineiros que não passam de lembranças. Boas de existir, mas, que esperadamente e muito bem avisadamente, não existem mais.


Seria saudade? Ou um puro desapego e uma necessidade quase extremista de transbordar a vontade de viver desacompanhada do caos? Bem e simplesmente poderia ser o fim daquele sentimento que agora mudou de forma. O papo é que não há definição específica. As mentes mudam, pessoas engordam e as palavras trocam de nome, de tom e principalmente, de vontade. Simples assim? Não, mas apenas assim.


sexta-feira, 11 de abril de 2014

Poema de madrugada.



Abandonos, descomeços e esmos.
Linguagem e abismo.
A fala do amor conduz em fuga.
Fugaz olhar.
Arde.
Rubros pássaros amazônicos.
Tirania do verde. Mentira de hoje.
(Vou ficar poeta a madrugada inteira. Aviso logo.)
Ainda grave.
Acordes no coração. Sons que vieram da tarde.
A chuva uiva, no telhado triste. Arde uma saudade.
Existem muitas elegias, inclusive nos teus olhos... está escrito.
É todo um caminho de elegias. 
Ah se eu fosse silêncio.
Tentativa premeditada de ser poema e pólvora.
Minhas vicissitudes se debruçam no teu olhar.
Dragões e moinhos de vento.
Tirania do mistério.
Sonhar é preciso.
Viver é defectivo.
Bom dia.
Todos querem ir, mesmo sem ter pra onde.
Os meus sapatos estão sujos dos descaminhos.
Talvez tenha acordado tarde pra vida, como muitos da minha geração.
O poeta diz que há uma pedra no caminho. Falácia do desespero e da melancolia.
Declaro ou não declaro?
Não declaro, se meu olhar me denuncia.
E que fique o mesmo traço no papel. E que fique a mesma música. E que fique nossas coisas amparadas. E que fique muito mais que a treva.
(Cansei de brincar de poeta.  Tial jovens.)



~ Texto: André Bezerra.

domingo, 9 de março de 2014

Domingo.



Acordou com os pés gelados. O sono pesado lhe impediu de puxar a coberta para si no meio da noite. Seu primeiro impulso às oito da manhã foi encolher-se sobre a cama ainda quente. Fechou os olhos lembrando-se do sonho. Das pessoas, das vozes e das risadas que fizeram parte de um pedaço da sua madrugada.

Alguns dizem que sonhos são extensões do consciente, outros afirmam que se trata de representações do inconsciente. Talvez, nesse caso, seja um misto de tudo: O vivido, o não vivido e o que – talvez – se estar por viver.

Com os pequenos olhos ainda pregados de murrinha, se espreguiçou como se nada mais tivesse importância naquela manhã de domingo. Olhou cinco minutos para o teto mal rebocado. Pensou no ontem e na pré-discussão pré-estabelecida pela pré-conversa pré-realizada muito bem pós-estabelecida.  

Sentou na beira da cama. Cruzou as pernas, esticou-se, engoliu a preguiça e seguiu viagem até o banheiro. Era hora de tirar toda a incerteza do seu corpo, desses anos e da própria vida que já basta ser incerta por si só. Até por que, quem se importa? É domingo, amor.



sábado, 8 de março de 2014

Meu amor.



Meu amor é belo na sua timidez. Na pausa simples, no olhar (miúdo) e pleno de quem já não tem mais o que dizer. Se ama e pronto, não há mais o que justificar ou esclarecer.

Um simples enroscar de dedos no meio do cochilo, só para não perder o contato. O movimento conjunto de fechar os olhos e depois abrir de novo para ver se ele realmente dormiu (eu sempre durmo primeiro). Meu amor é maravilhoso no sorriso contido.

No medo seguido de conforto, do abraço de proteção. Meu amor é tímido, tem medo. Assim como eu, tem inseguranças e muitas hesitações.

Mas meu amor é completo, é por inteiro. É uma dúvida que pensa em surgir e eu apago com um sorriso, um cheiro. Meu amor tem coragem, otimismo. Ele repousa nos braços de um só e por lá deve ficar nos dias de chuva e de sol. Principalmente sobre o meu amor, é que se faz junto, se faz a dois.

Os medos se enfrentam lado a lado e as dúvidas são tiradas sem intermediários. Eu sinto que posso olhar para o futuro com ele. Sei que quero construir muito mais ao seu lado.  Meu amor é assim, amigo. É confidente, é fiel. É dos melhores. É meu. E eu sou dele.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Ressaca.


Acordou cedo.
Cedo demais pra quem dormiu com um grau excessivo de álcool no corpo.
Pensou no que tinha feito no dia anterior.
Pensou no que não era pra ter feito no dia anterior.
Pensou nas coisas que não era pra ter dito.
Pensou que não deveria ter enforcado o rapaz.
Pensou nos gestos, nos risos, no choro.
Porque diabos sempre chorava quando bebia?
Pensou na excitação de seu corpo e na melancolia.
E pensou no que as pessoas vão pensar.
Simples: pobre deste que bebeu além da conta.
Parecia que tinha um monstro mexendo em sua barriga.
Sim, aquela bela gastrite encubada.
Ou um bicho que o incomodava.
Sua cabeça não doía tanto, apenas precisava de água, muita água.
No fim, é sempre a água que nós salva dos líquidos nocivos.
Lembrou que já esteve pior, aquilo nada era comparado a outrora.
Ficou apenas com aquela sua típica cara de besta depois de alguns copos.
Lembrou-se das varias despedidas e das varias ‘saideiras’.
Pensou na paciência de seus amigos.
Que não eram tão amigos assim.
Mas o aturavam mesmo tentando seduzi-los no ápice de sua porrice.
Ressaca moral. Nada mais é do que a vergonha profunda de si mesmo.
Todo mundo ainda dormia.
Banhou-se e sentiu aquele vazio passageiro.
Viu as fotos e riu. Elas transpareciam a felicidade da comemoração.
Dava até pra ouvir as risadas e o som da chuva naquelas imagens.
Alegria regada ao gosto amargo de cerveja.
Carnaval em dia comum.
Euforia inebriante.
E amanhã ainda é sábado, portanto, começara tudo de novo.
Sempre era isso. Passava o dia pensando no seu fim.




quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Misturando os clichês.



Por você eu faço um poema de amor novo a cada dia. Eu aprendo a falar outra língua para universalizar minhas declarações. Por você eu sinto vontade de ser melhor.

Por você eu pego o telefone e ligo de madrugada, por simples saudade da sua voz. Para você eu guardei todas as canções de amor que eu conheço (Tom Zé é vida). Por você eu espero. Eu esqueço meus medos e as mágoas que passei.

Por você eu ando risonho na rua, mas não sinto vergonha. Se você quiser eu faço todas as caretas do mundo, se isso lhe fizer sorrir. Pois por você eu senti coisas que eu achava que não existiam mais.

Por você meu coração abriu uma fresta e gostou do que viu. Por causa de você as músicas têm um significado maior. Por você eu sorri, eu sonhei. Por você, me apaixonei. Paixão sem culpa, sem medo. Amor suave, sem hesitação. Por você eu mudo, mas sei que você não quer me mudar (não quero mesmo).

Pois por você eu enxerguei o mundo, vi as cores dele refletidas nos seus olhos. Com você eu sonho todos os dias (acorda pensando nos meus beijos). Para você eu dedico meus melhores versos esquizofrênicos. Você é muito presente, e eu sou muito refém de nós. Que doçura ser seu. Que prazer que é ser apaixonado por você.



domingo, 9 de fevereiro de 2014

Faísca.






Um completo incêndio provocado por uma única faísca
Que de tão miúda não se imaginava provocar tanto fogo
Um furacão de sentimentos jorrados em só um impulso
Palavrões vociferados com tanto gosto
e desgosto ao mesmo tempo

Que se tornam um completo descarrego de alma
Um fardo despejado em outro alguém
Uma raiva, uma mágoa, uma dor extrema
Às vezes é bom derramar todo o seu ódio em um minuto
Em segundos, ou até mesmo por horas.

Tem gente que merece ouvir. Tem gente que não.
Mas os que merecem que morram...
Com um espírito ruim no corpo
Merecem todos os maus agouros
Mesmo que seja por pouco tempo

Já que guardar raiva de gente que não vale à pena
É tomar veneno querendo que o outro morra
Ainda assim, às vezes, faz bem descarregar
Mesmo de maneira trágica as bactérias retidas no corpo

Toda a violência que tem em você
Toda a maldade que tem em você
Todo lúcifer que tem em você
Eu disse: às vezes
Quando necessário, e em determinadas ocasiões
Porque a agressão, em alguns casos, cura.


quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Carta não escrita.


Pequenos prazeres. Pequenas conquistas. Momentos que ficam guardados na nossa memória. A fotografia registra quase tudo. Menos o cheiro e ânsia de vômito dos drinks mal tomados que voltam na sexta pela manhã, misturados com coca-cola.

Quando tá tudo certo de um lado. Tá meio errado do outro.

“A felicidade é uma questão de percepção”, ouvi isso em algum lugar por aí. Fico me perguntando, o que isso exatamente quer dizer? Acho que não depende disso ou aquilo, mas daquilo tudo junto e ao mesmo tempo.

Olho você dormir e fico feliz por um momento.
É engraçado pensar que fazem só alguns meses que te tenho em mim. Que te conheço.
E poucas vezes te agradeci por isso direito.
Mas isso, não é uma carta de amor.
É sobre nós, eu, eles e você.




segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Perspectiva 2014.

Talvez alguns pensem que já está tarde para falar de ano novo... Aconteceu que não consegui postar na época, mas continuei querendo fazer um post sobre isso.

2013 foi um ano que eu vou lembrar por muitas coisas, primeiro trabalho, primeiro salário, meu sobrinho nasceu (outros bebês CostaLuz nasceram), tive minha primeira festona de aniversário desde os 12 anos de idade, acho, comprei meu primeiro celular que presta,  me apaixonei pelo meu blog.

E perdi muito, pessoas e coisas. E eu sei que muitos perderam algo ou alguém também, de forma irremediável ou nem tanto. Perdi mas... O mundo continuou a girar, isso ninguém poderia evitar. Eu queria poder parar o tempo pelas pessoas que eu vi sofrer em 2013 e dar um abraço em cada uma delas, fazer o que desse.

Mesmo assim eu não mudaria nada de 2013, de verdade. Não fiz promessa alguma do tipo "Vou entrar na academia", "Vou gastar menos". Não. Eu prometi que se eu tiver a oportunidade, sempre vou fazer alguém sorrir. Que eu tenho muitos amigos (contados) e vou amá-los ainda mais. Minha família é incrível e eu vou continuar fazendo o possível para ficar mais próxima dela. E o que falar sobre meu Fanho confuso? "Hm. Hm. Hm."

Para você que ler isso eu desejo muitos abraços, olhares, sorrisos, beijos... Sei que, chegando ao fim do ano todos dizem que ele foi uma porcaria devido a apenas um acontecimento ruim que possa ter acontecido. Eu quero que nós cheguemos ao fim do ano pensando que mesmo tendo acontecido algo ruim, pequenos momentos valeram a pena.

Você pode ter experimentado um bolo maravilhoso, achado dinheiro na rua em um dia comum, conhecido alguém que acrescentou demais à sua vida. Que no fim de 2014 todos nós façamos o ano valer a pena, que possamos olhar além da raiva, angústia e tristeza, pensando que muitos anos ainda virão.

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