" Há mais solidão num aeroporto
que num quarto de hotel barato,
antes o atrito que o contato."
(Zeca Baleiro)

domingo, 23 de dezembro de 2012

O Valor da Amizade.






Nenhum dicionário, nenhum teórico, nenhum intelectual, nem em palavras conseguiremos determinar ao certo o que é a amizade. É uma coisa mágica, lúdica, de encontro de almas, de identidades, de apreço, de afeto mútuo. Todo tempo idealizamos amigos, a convivência diária, o mesmo gosto musical, as mesmas ideias, as mesmas piadas, nos faz traçar laços de carinho que imaginamos e queremos que seja eterno. Nem sempre isso acontece; pelo simples (ou melhor, complexo) fato de que a amizade independe de distância, raça, cor, credos, valores, independe de nós.

Em certos momentos da vida, estamos rodeados de pessoas, de cúmplices que passam pelas mesmas dificuldades, pelas mesmas angustias e andam na mesma direção, a ela é conferida toda a nossa fidelidade, nosso encantamento. É quando de repente caímos alto e nos despedaçamos no chão, ouvimos (ou lemos) absurdos de pessoas que nem nos conhecem, que nasceram para desunir, meu pai sempre disse que existem dois tipos de pessoas na vida: a primeira é aquela que pretende unir, agrupar as pessoas; e a outra é aquela que separa, divide, possuem dentro de si o veneno da discórdia, esses últimos desmembram relações com propriedade.

Não digo nem relações de amizade, pois descobrimos então que toda aquela afeição não foi amizade, pois amizade não se perde assim, não se esvai entre os dedos como um líquido qualquer, ela é infinita, complacente. O que existiu, foram apenas momentos bons, que fizeram você se sentir vivo, sentir um bem-estar intransponível, uma alegria prazerosa. Um dia a gente aprende que não devemos nunca perder tempo com intriguinhas covardes, balelas sem fundamentos, porque não há sentido, é distorcer todo o propósito da vida. Amizade é sinônimo de amor, outro termo que segundo Oscar Wilder, é tão misterioso quanto à morte, outra palavra sem definição concisa, apenas sabemos que é uma coisa boa e que sem isso é impossível viver, e ser feliz.

Todo resto é a mais pura besteira, todo resto é mediocridade humana, é estupidez.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Velha roupa colorida






Naquela sexta-feira, depois de algum tempo, ela de novo estava lá. Com os velhos companheiros de sempre. Sentiu-se bem ao chegar e ver aquele ambiente familiar, que lembravam tantos momentos bons e marcantes de sua vida.
O que não foi tão bom, foi ter que tomar aquela cerveja barata e cretina, que destruía a cada gole, o já ruim, estômago. Por isso, resolveu comprar as primeiras latinhas, a que era um pouco mais cara. O resultado foi a encarnação daqueles que a conheciam dos primórdios de sua boêmia, naquele tempo bebia qualquer porcaria que tivesse álcool.
Dançou um pouco e rápido cansou. Deve ser a falta de costume, ultimamente ela só estava indo pra barzinhos. Também era o cansaço do dia, culpa do vai e vem da vida, estágio, namorado, comemorações. Era tão normal naquela época, aquele lugar, aquele ambiente de amigos, falação e bebedeira.
Mas agora nada daquilo fazia sentido, existia algo diferente. Não no ambiente, nem nos amigos, mas nela. Será a velhice? Pensou. Logo depois lembrou que nem chegara aos 20.
É que ela sentia-se cansada, não só do dia, mas das mesmas coisas de sempre. Sentia vontade de dançar Smiths, e conhecer algo diferente. E nada disso, logicamente, existia ali.
Acordou atordoada, quando a chamaram pra dizer que a festa chegava ao fim, e irritou-se profundamente ao ver que dormiu numa velha mesa de madeira, ao invés de sua cama.
A chuva intensa dificultou ainda mais o sonho de ir pra casa. Tudo alagado, transbordando, e eles sem carro, ou sem barco. Como ela queria sumir, ou aparatar dali.
Quando finalmente chegou a seu destino, já era dia, e estava completamente encharcada e com frio. Deu amém cantarolando a canção "no presente a mente, o corpo, é diferente e o passado é uma roupa, que não nos serve mais". Por isso, que ela gostava de Belchior, porque ele sabe das coisas.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Coisas de Dezembro.


Às vezes, o peso de todas as suas derrotas desmoronam sobre você em um só dia.

Todas as críticas, reprovações e situações frustrantes te fazem sentir a pessoa mais incompetente do mundo.
Há tempos não chorava de tristeza, e não escrevia um texto pessimista. Acho até que tava ficando enjoativo essa coisa toda de romance.


Mas é que o amor nos faz realmente uma pessoa otimista com tudo. A maneira de ver o mundo, de sentir e pensar. O que coincidiu com a maneira diferente na qual eu venho me comunicando, entre outras coisas. Mas isso não vem ao caso agora.

Eu tava falando de tristeza. Cheguei em casa e ouvi Radiohead na rádio, mas queria mesmo é ouvir James Morrison [If you don't wanna love me]. Como não tinha peguei as mais melancólicas do Vitor Ramil e me deliciei.

É que não entendo essas pessoas que estão tristes e ouvem, sei lá, Janis Joplin. Que nem é triste, é foda!
Mas deve ser por causa do começo do fim do ano. Fim de semestre, aí você começa a pensar em todas as coisas que não fez, que perdeu, que errou, que se fudeu feio. Fora a academia e as aulas de inglês que você não tinha mais queria ter. [Mentira]

Isso tudo pra mim veio hoje. Pensei: Merda. Último mês do ano. O que eu fiz?

- Eu me apaixonei cara. Tanto que nem em um texto falando de tristeza, eu consigo deixar isso de lado. 
Hehehe - Vai entender... 

Coisas de Dezembro.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Convite.



Vamos andar pelo jardim de flores e navegar por esse rio com caldas, inebriar aos olhos da cidade e comemorar toda a vaidade.
Vamos cair na maior simpatia, embriagar todos de euforia e protestar contra a covardia, sinalizando as dores do dia a dia, vivenciar a rotina do trânsito, se resfriar banalizando a chuva.
Vou acordar rindo de todo mundo e não vou chorar se já acabou o passado.

Talvez me perca e alguém me ache um dia, no fim da linha ou na altura certa, pra me dizer se ja esta na hora de desprezar a atitude alheia, ou de sofrer por quem não vale a pena.
Vamos dançar no fim dessa semana? 
E farrear por todos os lugares, talvez eu passe nesse fim de ano, com as mudanças novos desafios.
Todo excesso causa o seu contrário, para todo esforço uma recompensa.

Vamos levar a vida brincando e ficar sério na frente dos outros, pra aparentar uma maturidade e conservar toda a tradição.
Vou fazer tudo que não deveria e experimentar um exagero as vezes, mas acatar as recomendações.
Vou discutir sobre o fim do mundo, comentar sobre os novos tempos, e ir andando sem saber pra onde.


segunda-feira, 12 de novembro de 2012

A dor da perda




Não é fácil superar a dor de uma despedida eterna. Não é fácil para quem fica ter que lembrar os momentos, as histórias, o rosto... E quando essa vida é tirada assim, tão drasticamente, tão cruelmente, é pior ainda. No entanto, há certa paz, pois penso assim: Sua missão foi cumprida, você viveu e realizou muitos sonhos. Amou e foi amado. E agora já podes seguir com o Pai.



É a segunda vez que fico sabendo de alguém que está pra partir. É difícil falar ou escrever... Fico me perguntando, o que fazer com tantas lembranças? Porque a vida que se foi não volta mais, o que fica é apenas a saudade. Apesar de nos últimos tempos eu pareça ser amante das palavras, nessas horas não consigo expressa-las direito, acho que elas também não ajudam muito.

Tudo na vida deve ter um propósito pra acontecer. E que no futuro, talvez, entenderemos. Esse post tem gosto de lágrimas, mas também de amor, vida, e esperança que tudo fique bem. E que uma nova luz possa reacender do coração daqueles que hoje sofrem.



Todos os bons pensamentos pra ti, Mestre.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Melodramático



A excessividade de sentimentalismo contrastando com a mais completa frieza. O melodrama em forma de gente. A completa falta de qualquer senso de calma e sobriedade. O desespero. A raiva. A falta de fé, mesmo acreditando em tudo que falam para ele. Pensa que é descolado, mais é na verdade, a caretice sem tamanho.

Constantemente chato, ciumento, frágil. Mas insiste em se fazer de forte. Como se todos não soubessem o quanto ele é carente em essência. Sem qualquer tipo de vergonha na cara, liga para os amigos, apenas para chorar seus lamentos. Como se fosse culpa deles, as cagadas que geralmente costuma fazer com os outros.
E alguns que estão ali todos os dias cara-a-cara, convivendo com aquele ser ilógico e incerto, não tem noção o tamanho de sua histeria.  Freud deveria explicar. Ou talvez, Jacques Lacan, Piaget, Vygotsky, ou Skinner. Mas nem eles, entendem o teor de sua loucura.

Quem é capaz de entender a natureza humana? Quem é capaz de compreender a sua própria natureza? Tudo é apenas uma busca eterna. Mas todos precisam de calma.

Ele poderia ser apenas mais um garoto qualquer. E ele é um garoto qualquer. Mesmo que não existam garotos "qualquer", porque todo mundo tem sua história de vida. Mas, ele acha isso. Tem certeza que sua vida será um completo marasmo eterno. Mas é claro, que nada que venha dele, tem que ser levado em consideração. Afinal, ele faz da vida o grande filme melodramático, típico de Theo Angelopoulos, em "Vale dos Lamentos".

Ele tem é sorte. De ter um monte de gente legal e amável ao ser redor. E que atura tudo isso e mais um pouco. Ele tem é sorte de seu melodrama ter paisagens bonitas. Pois quando se esforça, ele é carnaval, alegria. Quando quer faz as pazes com o mundo, e sorri para ele.

domingo, 28 de outubro de 2012

"A volta dos que não foram"


Não sei se alguém percebeu a falta. Provavelmente não. Mas eu percebi a falta que faz para essa pobre garota escrever no seu blog “meia boca”. Durante essas semanas que abandonei minha própria satisfação, estava a descabelar-me com atividades pessoais, como... Que por pouco, muito pouco, não me destruiu.



Também ocupava-me com os estudos que tira o meu sono todas as manhãs. Com ele percebo que acordar cedo não é uma questão de costume, e sim de genética. Tem gente que nasceu pra acordar cedo. Outras não.


Aconteceram tantas coisas que eu poderia ter contado e que certamente renderiam textos legais. Mas por falta de tempo, ou por falta de estimulo, não dissertei. Mas nunca é tarde para ser feliz, e agora tenho algum tempo sobrando, idéias fervilhando e uma vida social ativa.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Quem sabe mais uma necessidade


Talvez ele saiba do que esteja precisando. Talvez morra só em pensar na possibilidade. Essa de jogar tudo fora, deixar estar assim, de não sentir mais o coração apertar toda vez que a escuta. Por mais que a dor exista agora, é melhor senti-la do que não sentir coisa alguma.

Essa robotização das relações inter-intra-extra-pessoais o chocam. O constrange diante do fato de saber que nele o que mais existe é o pulso da corrente sanguínea, correndo exagerados quilômetros por hora. Enquanto os outros ali, diante de copos e fumaças, o contam como funcionam suas relações, em quais botões apertam e como os desligam sem muita dificuldade, sucateando tudo.

Foi nessa hora que pensou em ligar. Era só discar o número gravado já na mente.
Bateu o nervoso. A corrente de sangue correu.


“Alô”


As coisas não saíram como imaginou. O pensamento recorrente da desistência o tomou mais uma vez. Talvez seja isso mesmo. Essa seria a solução de merda mais viável. Mais uma robotização. Mais um fim sucateado. Um suspiro pesado, um gole de cerveja barata, um arroto engasgado: um botão apertado.

sábado, 6 de outubro de 2012

Aqui vem agora



Era sempre do mesmo jeito. Acordava, se olhava no espelho e envelhecia, meio que inconsciente, uns sete ou dez anos. Imaginava se seus olhos estariam felizes. Ou se estariam como agora, cansados. O fato é que ela já tem tudo em mente. Todos esses planos que se costumam fazer [ou que, de certa forma, nos são impostos grosseiramente] sobre a vida, já fazem parte do mundo que guarda em seus pensamentos há certo tempo.

Porém vai além. Não são sonhos referentes apenas ao que todo mundo deve ter quando cresce e vira gente-grande. Ela já sabe a cor da cortina da sala, do título de cada livro posicionado um em cima do outro na prateleira, das cores das almofadas em cima da cama. Dos nomes dos vinis, ao lado dos livros. Dos retratos feitos por ela, os quais retrataram, retratam e vão retratar cada momento de sua vida.

E ela também já sabe com quem dividir isso tudo. Sem nem mesmo tê-lo conhecido, nem visto seu rosto e nem escutado um timbre se quer. Mas já sabe quais conversas terão, quais músicas escutarão nesses momentos, quais livros lerão e comentarão sobre.

Porém, tristemente, ao lavar o rosto, voltava a olhar sua face atual. É, se entristecia sempre que a via verdadeira. Entretanto, logo percebia, alegremente, que sua selvagem e sábia feminilidade, sua introspectividade embutida nos seus erros e tolices do passado, serão recompensados por tudo o que vê ao envelhecer na frente do espelho.


sábado, 29 de setembro de 2012

Aûsub





Que você perde o controle, a identidade, que você perde tudo.
Perde a noção de todos os limites e o tempo.
Que os dois corpos ficam tão embaralhados, 
que você não sabe mais quem é quem. Ou o que é o que.
E quando essa doce confusão se tornar tão intensa, 
você pensa que vai morrer, e é como se morresse,
te deixando sozinho separado do corpo.
Mas quem você ama ainda esta ali, é um milagre.
Você pode ir pro céu e voltar com vida, e ir quando quiser...





Texto retirado do filme: O Homem Bicentenário. (Isto agradece em ser útil)
Imagem: Queria ter postado uma outra, no entanto... Essa também é bonita.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Cheiro derramado


O cheiro derramou exalando o doce sobre a camisa branca, deixando transparecer o respirar profundo. Causando o mesmo efeito colateral de sempre. Trouxe consigo de lá, do lugar de origem. Das palavras que assustaram, das salivas que neutralizaram o ácido do momento e do nó oculto como consequência.

As estrelas foram testemunhas daquele cheiro alucinógeno, mesclado ao pensamento insistente e lembranças recentes.


Presente no seu exercício constante. Musculação do cérebro, enfraquecimento do coração e fortalecimento das neuras. O quebra-cabeça de momentos, dos últimos meses, tem sido o seu mais sufocante passatempo. Uma asfixia necessária à existência do sentimento. Pertinente nas leituras e interpretações das peças ali presentes, na esperança enrustida em cada pedaço de cena formada por cada peça.


E as estrelas sabem de tudo.

O toque das notas nos ouvidos presentes. A troca musical entre a audição, olfato e tato. Momentos confusos enrolados ali. O cheiro musical, o cheiro do momento, o cheiro derramado sob as estrelas e sobre a camisa branca.


quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Parabólica de um relacionamento



Tem horas que dá vontade de acabar, de parar de vez, por motivos menores que um grão de areia. Mas quando o encontro e deslumbro o ''algo mais'', e todas as inseguranças somem.
E eu conto aqueles meus antigos novos medos, e ele me diz: ''...''

Ele me interpreta, consegue ouvir meus pensamentos, consegue ouvir meus gritos, como pode? Como pode ouvir meus gritos?
Isso me faz sentir medo, de toda essa pretensão.


É fácil gostar, ser tomado pelo outro como um gole de vinho bom, o díficil são os efeitos, a ressaca desse prazer.

Desvaneio ainda aqueles outros tempos, com um pesar grande, grande demais pra entregar-me por completo novamente. Mas como sempre é dito: agora é diferente, agora tenho alguém pra me dizer: te amo, e dizer as mais bonitas mentiras sinceras, que me interessam...


terça-feira, 4 de setembro de 2012

Sentimentos vestidos


Era uma vez uma agonia. Constante e quase que mecâncica, presente e feminina. Dentro de um corpo pequeno, se fazia grande. Quase nunca saía pra dar uma volta, tampouco sabia o motivo de sua existência. Mas morava ali, dentro da menina.

Certo dia, em mais um de seus instantes filosóficos expressivos em rios e mais rios salgados, conhecera algo que nem todo mundo conhece. Que nem todo mundo reconhece e que às vezes mora tão próximo, mas não é visto.

Ela o avistara e então, logo de cara, sentira a dúvida, essas que todos têm no início. Passara-se um tempo, não muito longo, e soubera o que era de fato, soubera seu nome também. Uns o chamam de amor, outros o confundem com paixão. É, fato que eles se vestem bem parecido, têm quase o mesmo estilo, mas logo o tempo se encarrega em definir suas diferenças.
Aquele que conhecera naquele dia era a paixão. E sabe, a dona da agonia gostava bem desse, estranhamente se sentia confortável. Estranhamente sim, pois desde quando a instabilidade, alternância de sentimentos que a paixão proporciona é confortável? Enfim, a agonia e a dona dela se sentiam bem assim.

O tempo passara e a paixão se transformara em amor. Se, é possível? Alguns acham que sim e com a agonia não fora diferente. Era boa a compania da paixão transferida em amor. Era calmo, grato e bonito. Porém a agonia, que houvera então se tornado calmaria, tinha esquecido um detalhe que a maioria esquece. Talvez por que acha quase impossível acontecer naquele momento. Esquecera que às vezes o amor mente, engana, trapaceia. Se, é amor então assim? Ninguém sabe. Ele é tão grandioso em seu tamanho e tão vasto de sentimento que se torna coisa tão inexplicável que a ciência, dona de muita verdade, não consegue entendê-lo.

Depois de ter esquecido o detalhe, virara agonia outra vez. E continua vestida de agonia até hoje. Esperando reconhecer aquele outra vez, mas noutro lugar.


quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Sobre chorar

Quem nunca se trancou no quarto com raiva da vida e desabou em lágrimas? Quem nunca chorou por alguém? Quem nunca tentou de todo modo controlar mais não conseguindo chorou de emoção?

Alguns mais, outros menos, mas a verdade é que todos já choraram por alguma razão. Pessoas emotivas, como eu, choram constantemente. É como se fosse um ato de descarregar algum sentimento incontrolável. Desde a infância, sempre chorei muito, infelizmente, pois odeio isso. É como uma fraqueza, uma fragilidade que é maior do que nós. No entanto, chorar não é sinônimo de fraqueza.

As vezes é bom chorar. Quando sofremos, essa é a melhor forma de extravasar a amargura do nosso coração. Imagino pessoas que tenham dificuldades para chorar, devem guardar mágoas eternas dentro de si, ressentimentos e tristezas.

Chorar é demonstrar emoção. Tem músicas, por exemplo, que o choro é inevitável de tão belas. Filmes que de tão tocantes a emoção é certa. Chorar ao ler uma linda cata de amor dedicada a você. Chorar com palavras de afeto. Chorar por conta da realização de um sonho. Chorar por causa de "eu te amo", faz sem dúvidas a vida florescer a nossa volta.

Claro que, quando o choro é de amargura dói, dói muito. Já chorei até meus olhos ficarem inchados e vermelhos. Chorei que quase alaga a cidade inteira. Mas depois passa, e nasce um novo dia. E a gente pensa que a vida é isso mesmo. A história é lavar o rosto, enxugar as lágrimas e seguir em frente.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A falta que faz




Falta pássaros sobrevoando nossas janelas
Sobra fumaça
Falta identidade, vontade
Falta tempo
Falta espaço pros carros passar
Falta compaixão, coletividade
Falta história para contar
Falta modéstia
Falta imprensa séria
Falta segurança
Falta eu e você marcando uma bela dança
Falta gratidão, perdão
Falta saúde, liderança...
Falta solução
Falta educação. Sobra greve
Falta gente que não jogue lixo no chão
Infraestrutura
Falta criatividade textual, imaginação
Falta gente legal
Falta Saúde. Sobra greve
Falta governo. Sobra corrupção
Falta às sextas-feiras
Falta carnaval, papeis picados e gente cantando o refrão
Falta fé. Sobra religião
Falta amor. Sobra sexo
Falta comida. Sobra obesidade
Falta gente nova, maluquice, revolta
Falta até uma boa memória, para lembrar tanta coisa que falta


quarta-feira, 22 de agosto de 2012

A carta de 2070


  

Ano 2070. Acabo de completar 50 anos, mas a minha aparência é de alguém com 85. Tenho sérios problemas renais porque bebo muito pouca água. Creio que me resta pouco tempo. Hoje sou uma das pessoas mais idosas nesta sociedade. Recordo quando tinha cinco anos. Tudo era muito diferente. Havia muitas árvores nos parques, as casas tinham bonitos jardins e eu podia desfrutar  de um banho de chuveiro... Agora usamos toalhas de azeite mineral para limpar a pele. Antes, todas as mulheres mostravam as suas formosas cabeleiras. Agora, devemos rapar a cabeça para a manter limpa sem água. Antes, o meu pai lavava o carro com a água que saía de uma mangueira. Hoje, os meninos não acreditam que a água se utilizava dessa forma. 

Recordo que havia muitos anúncios que diziam CUIDA  DA ÁGUA, só que ninguém lhes ligava - pensávamos que a água jamais podia acabar. Agora, todos os rios, barragens, lagoas e mantos aqüíferos estão Irreversivelmente contaminados ou esgotados. Antes, a quantidade de água indicada como ideal para beber eram oito copos por dia por pessoa adulta. Hoje só posso beber meio copo. A roupa é descartável, o que aumenta grandemente a quantidade de lixo e tivemos que voltar a usar os poços sépticos (fossas) como no século passado já que as redes de esgotos não se usam por falta de água. 

A aparência da população é horrorosa; corpos desfalecidos, enrugados pela desidratação, cheios de chagas na pele provocadas pelos raios ultravioletas que já não tem a capa de ozônio que os filtrava na atmosfera. Imensos desertos constituem a paisagem que nos rodeia por todos os lados. A industria está paralisadas e o desemprego é dramático. As fábricas dessalinizadoras são a principal fonte de emprego e pagam-nos em água potável os salários. Os assaltos por um bidão de água são comuns nas ruas desertas. A comida é 80% sintética.  Pela sequidade da pele, uma jovem de 20 anos está como se tivesse 40. 

Os cientistas investigam, mas não parece haver solução possível.  Não se pode fabricar água, o oxigênio também está degradado por falta de  árvores e isso ajuda a diminuir o coeficiente intelectual das novas gerações. Alterou-se também a morfologia dos espermatozoides de muitos indivíduos e como conseqüência há muitos meninos com insuficiências, mutações e deformações. O governo cobra-nos pelo ar que respiramos (137 m3 por dia por habitante adulto). As pessoas que não podem pagar são retiradas das "zonas ventiladas". Estas estão dotadas de gigantescos pulmões mecânicos que funcionam a energia  solar. Embora não sendo de boa qualidade, pode-se respirar. A idade média é  de 35 anos.

Em alguns países existem manchas de vegetação normalmente perto de um rio,  que é fortemente vigiado pelo exercito. A água tornou-se num tesouro muito cobiçado - mais do que o ouro ou os diamantes. Aqui não há arvores, porque quase nunca chove e quando se registra precipitação, é chuva ácida. As estações do ano tem sido severamente alteradas pelos testes atômicos. Advertiam-nos que devíamos cuidar do meio ambiente e ninguém fez caso. Quando a minha filha me pede que lhe fale de quando era jovem descrevo o bonito que eram os bosques, lhe falo da chuva, das flores, do agradável que era tomar banho e poder  pescar nos rios e barragens, beber toda a água que quisesse, o saudável que era a gente, ela pergunta-me: Papai, por que se acabou a água? 

Então, sinto um nó na garganta; não deixo de me sentir culpado, porque pertenço à geração que foi destruindo o meio ambiente ou simplesmente não levamos em conta tantos avisos. Agora os nossos filhos pagam um preço alto e sinceramente creio que a vida na terra já não será possível dentro de muito pouco tempo porque a destruição do meio ambiente chegou a um ponto irreversível. Como gostaria voltar atrás e fazer com que toda a humanidade compreendesse isto, quando ainda podíamos fazer algo para salvar ao nosso planeta Terra!



sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Namorar é para os fracos




Certa vez, assistir uma palestra de um escritor que gosto muito chamado Rubem Alves. E ele contou uma história, de uma conversa que teve com a sobrinha dele.
O diálogo foi mais ou menos assim:

- “Fulana” como vai o namorado? Disse o escritor

- AH nós terminamos.

- Ora, mas por quê?

- Porque estamos começando a nos gostar, e eu não quero me apaixonar.

Então, Rubem Alves ficou se perguntando, “se eles estavam se gostando, por que terminaram?”. O estranho é que isso é super comum, as pessoas têm medo de se apaixonar. Antes, eu não entendia, agora entendo. Dá medo mesmo. Você fica submisso, possessivo, ciumento, parece que não consegue viver sem o outro. E não consegue mesmo, causa até doença, dor física, mal estar. Ou será que foi/é/será só comigo? Duvido muito.

Então, qual é o motivo das pessoas sempre procurarem um par, uma companhia, um passeio a dois? Coisa de romance de novela. É porque apesar de tudo, é o melhor sentimento que se pode ter na vida. Não sei o que é felicidade, mas sei que quando se ama, chegamos o mais próximo dela.

Uma prima minha (Tamara) disse (meio de brincadeira) pra mim que namorar é para os fracos. Ri muito dessa frase na época. Fiquei pensando: Que merda eu sou fraca pra caralho!
Mas tudo bem, quero morrer assim, fraquinha que nem uma pena. Ráh!

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

O inconsciente de um sonho já consciente



Os sonhos são considerados as coisas mais loucas da coisa mais complexa que é o homem [sua mente]. Acho que por isso é louco. A complexidade guarda com muito carinho a loucura. E a loucura a sete chaves a complexidade. Pra falar a verdade, não tenho apreço pelo simples e pelo lúcido [não o tempo todo]. Que graça tem o caminhar dos dois juntos, a todo o momento? O papo é desvendar, descobrir, o sentido e motivo de tudo, com o decorrer da loucura de certas atitudes, bem devagar. Eu disse "devagar", o que nada tem a ver com intenso.

A origem de um sonho é considerada, ainda por muitos, o inconsciente. Apesar de achar que o caso aqui difere um pouco. Esses me parecem bem conscientes. Presentes todos os dias. É, tenho plena consciência desse desejo. Confesso que antes, andava guardado ali no fundo da massa enrolada de dentro da minha cachola enrolada. Mas agora é bem mais explícita sua origem.

Não tem coisa mais escrota: acordar de manhã de uma irrealidade tão boa. Me acordei com um aperto. Parecia tão real. Uma chave em um chaveiro colorido. Uma porta. Uma sala, pequena, mas só minha. Uma cozinha. Quarto. Banheiro. Pronto. E os braços abertos. Braços em conjunto com um olhar e um sorriso gigante em perfeita combinação aos cabelos, feito de alguém que há muito tempo não me via e que aparentava felicidade ao fazer.

Chaves, porta, sala, cozinha, quarto, banheiro e abraço. Combinação alucinógena.
Mas o que eu dizia? Ah, sim, o sonho quanto mais louco é, melhor. E quanto mais cores têm, mais sons, mais cenas, a realidade parece mais próxima. E machuca, por isso. O que foi dito naquele abraço, naquele espaço, eu guardo aqui, nas lembranças. Foram frases misturadas, tiradas de um canto real e de outro criado no inconsciente já consciente das minhas vontades, transpassadas ao sonho.

Sei que corro aqui um risco grotesco de ser clichê. Mas sabes de uma coisa? Quanto mais se trata de sentimento, de loucura, de vivência, o clichê vai tá ali de mão dada com tudo isso. E sempre vai ser bem visto, por mais que aparente brega. Mesmo não gostando dessa palavra. É, talvez por preconceito, mas nada que a minha vivência não resolva isso com o tempo. Assim como esse sonho. Nada que a minha vivência não me permita agir acompanhada da loucura e não dê uma força ao tempo, tornando o desejo real.

O sonho também tem outra origem. Dizem. Menos científica, é verdade. Mas dizem que alguns são acompanhados da paranormalidade e acabam por prever certos acontecimentos. Eu bem que ia gostar em descobrir que adivinhei esse momento. Mas, às vezes, quando essas possíveis adivinhações se tornam preguiçosas, a gente têm que dá um empurrãozinho.


#Ficaadica!

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Quarto

Dançavam àquele som familiar que saia do play list do computador próximo à janela. A luz cinza e nublada adentrava naquele espaço pequeno, o suficiente pra iluminar a lágrima que escorria do rosto mais triste daquele quarto.

O outro olhar, seco, lhe cessava as lágrimas aos poucos. Mas ainda era preciso muito pra que lhe fizesse trocá-las por o mínimo de sorriso possível. Era preciso muito que dizer, muito que beijar, muito que abraçar, muito que ouvir.
A música acelerava enquanto os corações batiam. Chegou a hora, ela sabia. Mas cadê a coragem?

Eis que surgiu.

As palavras iam lhe escorrendo desesperadas pela boca, assim sem racionalizar. Eram vomitadas em cima da camisa branca que iluminava perfeitamente o castanho daquele olhar seco e insistente em se manter assim. Os palavrões saiam doces e o que tinha de mais bonito a ser dito saiu amargo. Mas não podemos culpá-la. A culpa foi do tempo, das lágrimas. Da época e das estrelas. Do medo de se estar sob elas. Do medo de não ser vista por elas.

Entendes? A culpa foi sempre das estrelas.

As palavras se foram, mas a adrenalina continuava no quarto. Dessa vez acompanhada do silêncio que lhe agoniavam os tímpanos. O medo era perturbador, quase podia ser visto. A vontade idem e era recíproca, finalmente.

Os medos eram compartilhados, a dor era compartilhada. Assim como as palavras, a vontade de sorrir, o cessar das lágrimas e a libido forte.

Tocaram-se com ênfase. Era misto de saliva, adrenalina, paz, gozo, lágrima e alívio. Pena que o despertador tocou pra lembra-la de que a realidade renitente necessitava lhe abrir os olhos às oito da manhã.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Coisas. Paixão e chuva.


Sabe do que ela gosta? De se apaixonar no inverno.

Aquele clima gelado chuviscante é tão propício a coisas a dois: assistir a umfilmecompipocadebaixodolençol, ouvir as cordas do violão, conversar sobre as letras daquela música daquela banda com aquele arranjo doido, ir pra cozinha e fazer uma gororoba qualquer quando bate a fome e coisa e tal e tal e coisa. [nem gosta de comer]

E se for um temporal com relâmpagos, trovejos e queda de energia? Nesse caso basta dormir e dormir e dormir com a cabeça enterrada no travesseiro sabendo que tem ali ao seu lado a tal pessoa.

O papo é estar apaixonada no inverno.

Pra mais tarde, acordar, quando passar a chuva, andar pela calçada atrás de um bar, tomar umas muito bem acompanhada e bater papo até cansar. E assim que cansar ir embora pra...

O papo é estar apaixonada. No inverno.

oquei, o papo mesmo é que seja recíproco. Por que se não, fudeu. Mas fazer o quê? As coisas apenas acontecem. Muitas vezes sem planejamento.

Mas talvez... Ah, poizé! Ela gosta é de se apaixonar no inverno.


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sexta-feira, 16 de março de 2012

"Assim..."

na memória recente ainda estão:
a calma no na frente do colégio,
o abraço com cheiro de maré,
o frio na barriga
e o medo.

estão também:
a mão que não quero largar,
o cheiro que sei ser só teu
e a energia do nosso "estar junto à toa"
que só a gente tem.

um tempo enorme passou
sem que soubéssemos
um do outro.
mas agora nos reconhecemos.

em memória ao lanche depois da chuva,
a coca-cola,
ao churrasco,
a pizza com fanta uva,
ao suco de maracujá,
aos olhares meigos,
toques doces
e afagos da alma,
escrevo estas linhas de gratidão.

gratidão principalmente pelos olhos e olhar de menino,
que tanto me encanta com esse violão e vontades,
vontades de menino branco da cidade.

gratidão,
enfim,
aos sentimentos
que aos poucos
nos permitimos enxergar.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

E ainda sim, você gosta de mim.


Nada é mais doloroso do que ouvir você gritar
Eu poderia não pensar mais em nada,
Absolutamente nada, que me faça chorar
Eu sei que depois vai ficar tudo bem
Eu sei que depois vamos esquecer tudo
Temos a capacidade de fazer isso
Como quem tem a capacidade de sofrer e cantar
Mas nada, absolutamente nada é mais doloroso do que ouvir você gritar
Todas as desculpas vão ser aceitas, mesmo que todo o mundo veja o quanto a gente se odiou por um momento
Senti vergonha de tudo que passamos,
Mesmo que tenha sido passageiro
Toda a dor que senti por horas
Perdida na noite como um gato abandonado e sombrio
Você conseguiu suprir a minha carência
As minhas desculpas, as suas desculpas
De quem é a culpa?
Por toda a histeria e brigas que tivemos
Que não tem sentido algum
Poderíamos sentir rancor por uma vida inteira
Mas o que adiantaria? O que seria de nós?
Nada é mais doloroso do que ouvir você gritar
E ver o seu olhar de ódio por alguns segundos destinados a mim
Eu poderia evitar. Você poderia evitar. (Poderia. Deveria.)
O tempo que perdemos com ofensas e maus-tratos não volta mais
Não é só um cordão quebrado, uma aliança quebrada
Tudo mais é quebrado em nós
E quando a gente conseguir juntar os cacos
Nada é melhor que ouvir você confessar - que ainda assim – você gosta de mim.


"Eu gosto de você. E você gosta de mim."

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

ao passo miúdo, a gente se (re)conhece.


O fardo da vida e meus melhores "poucos" momentos de um dia.
Para ler ao som de "oh my love" John Lennon e Yoko Ono.




"Quando você tem a maior certeza, a maior saudade, a maior alegria de sua vida,
e sente-se feliz como nunca antes..."



Estou sendo levada pela vida (mais uma vez). E o meu corpo está sofrendo seus efeitos.
As vezes considero um grande fardo. O trabalho, as tarefas o cargo.
O trânsito pertubador as vezes me faz explodir.
Ao mesmo tempo, sinto-me feliz, como nunca (nunca?...) antes.
O amor me impulsiona a ser uma pessoa melhor, e a crescer no íntimo e no coletivo.
Os melhores "poucos" momentos dos meus dias estão na compania duma pessoa chata:
Sr. Gouvêa.




"Amor é quando se mora um no outro" - Mario Quintana.
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