" Há mais solidão num aeroporto
que num quarto de hotel barato,
antes o atrito que o contato."
(Zeca Baleiro)

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Ressaca.


Acordou cedo.
Cedo demais pra quem dormiu com um grau excessivo de álcool no corpo.
Pensou no que tinha feito no dia anterior.
Pensou no que não era pra ter feito no dia anterior.
Pensou nas coisas que não era pra ter dito.
Pensou que não deveria ter enforcado o rapaz.
Pensou nos gestos, nos risos, no choro.
Porque diabos sempre chorava quando bebia?
Pensou na excitação de seu corpo e na melancolia.
E pensou no que as pessoas vão pensar.
Simples: pobre deste que bebeu além da conta.
Parecia que tinha um monstro mexendo em sua barriga.
Sim, aquela bela gastrite encubada.
Ou um bicho que o incomodava.
Sua cabeça não doía tanto, apenas precisava de água, muita água.
No fim, é sempre a água que nós salva dos líquidos nocivos.
Lembrou que já esteve pior, aquilo nada era comparado a outrora.
Ficou apenas com aquela sua típica cara de besta depois de alguns copos.
Lembrou-se das varias despedidas e das varias ‘saideiras’.
Pensou na paciência de seus amigos.
Que não eram tão amigos assim.
Mas o aturavam mesmo tentando seduzi-los no ápice de sua porrice.
Ressaca moral. Nada mais é do que a vergonha profunda de si mesmo.
Todo mundo ainda dormia.
Banhou-se e sentiu aquele vazio passageiro.
Viu as fotos e riu. Elas transpareciam a felicidade da comemoração.
Dava até pra ouvir as risadas e o som da chuva naquelas imagens.
Alegria regada ao gosto amargo de cerveja.
Carnaval em dia comum.
Euforia inebriante.
E amanhã ainda é sábado, portanto, começara tudo de novo.
Sempre era isso. Passava o dia pensando no seu fim.




quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Misturando os clichês.



Por você eu faço um poema de amor novo a cada dia. Eu aprendo a falar outra língua para universalizar minhas declarações. Por você eu sinto vontade de ser melhor.

Por você eu pego o telefone e ligo de madrugada, por simples saudade da sua voz. Para você eu guardei todas as canções de amor que eu conheço (Tom Zé é vida). Por você eu espero. Eu esqueço meus medos e as mágoas que passei.

Por você eu ando risonho na rua, mas não sinto vergonha. Se você quiser eu faço todas as caretas do mundo, se isso lhe fizer sorrir. Pois por você eu senti coisas que eu achava que não existiam mais.

Por você meu coração abriu uma fresta e gostou do que viu. Por causa de você as músicas têm um significado maior. Por você eu sorri, eu sonhei. Por você, me apaixonei. Paixão sem culpa, sem medo. Amor suave, sem hesitação. Por você eu mudo, mas sei que você não quer me mudar (não quero mesmo).

Pois por você eu enxerguei o mundo, vi as cores dele refletidas nos seus olhos. Com você eu sonho todos os dias (acorda pensando nos meus beijos). Para você eu dedico meus melhores versos esquizofrênicos. Você é muito presente, e eu sou muito refém de nós. Que doçura ser seu. Que prazer que é ser apaixonado por você.



domingo, 9 de fevereiro de 2014

Faísca.






Um completo incêndio provocado por uma única faísca
Que de tão miúda não se imaginava provocar tanto fogo
Um furacão de sentimentos jorrados em só um impulso
Palavrões vociferados com tanto gosto
e desgosto ao mesmo tempo

Que se tornam um completo descarrego de alma
Um fardo despejado em outro alguém
Uma raiva, uma mágoa, uma dor extrema
Às vezes é bom derramar todo o seu ódio em um minuto
Em segundos, ou até mesmo por horas.

Tem gente que merece ouvir. Tem gente que não.
Mas os que merecem que morram...
Com um espírito ruim no corpo
Merecem todos os maus agouros
Mesmo que seja por pouco tempo

Já que guardar raiva de gente que não vale à pena
É tomar veneno querendo que o outro morra
Ainda assim, às vezes, faz bem descarregar
Mesmo de maneira trágica as bactérias retidas no corpo

Toda a violência que tem em você
Toda a maldade que tem em você
Todo lúcifer que tem em você
Eu disse: às vezes
Quando necessário, e em determinadas ocasiões
Porque a agressão, em alguns casos, cura.


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