" Há mais solidão num aeroporto
que num quarto de hotel barato,
antes o atrito que o contato."
(Zeca Baleiro)

domingo, 12 de outubro de 2014

Entrelinhas...

Não te quero assim, não te quero meu, não te quero em vão. Quero tua cor, tua dor, teu calor. Tua pele, tua vividez, teus brilhos.
Mas não quero teu olhar, tua languidez, não quero teus abraços reconfortantes depois de cada vez.

Quero me afogar nos teus cheiros e emergir para não rever. Pois tens que fugir, tens que sumir, desaparecer de mim. Mas não te quero tão longe a ponto de não poder te ter nas horas que me acordo. Nas horas em que tá escuro e eu te queria nas mãos, te queria no abraço.

Pois ao mesmo tempo te quero na linha, na palavra, na ligação. Eu te quero na contradição, na distância, nos quilômetros. Te quero ao alcance do fio do telefone, mas longe o suficiente do alcance do meu coração calejado.

Não te quero dela, mas não te quero pra valer. Te quero no esquecimento, na raiva que se apaga com o beijo, na insegurança, na penumbra. Te quero perto, longe. Onde o coração não está, mas o passado predomina nas entrelinhas. Quero te esquecer, te tendo, e vice-versa. Quero te amar, amor, te perdendo.
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