" Há mais solidão num aeroporto
que num quarto de hotel barato,
antes o atrito que o contato."
(Zeca Baleiro)

terça-feira, 19 de março de 2013

Pausa.


Eu me curvei sobre meus pensamentos e tentei tirar a delicadeza e a doçura que aparecem nas entrelinhas dos textos. Eu busquei o que me inspirava, mas achei apenas uma impressão do que me foi tirado.
E aí eu mergulhei dentro de mim e encontrei afinal uma forma de deixar isso ir embora. Um jeito de dizer que não há mais o que declarar, que o amor se exauriu, foi extirpado.

Então, de qualquer forma, isso rendeu textos e textos de agonia amorosa, paixão incendiária, amor em forma de gente e palavra. Pois na escrita encontrava meus consolos que não sabia descontar na vida, no falatório diário.



Mas agora a vida é outra, a vida é nova. Não é o fim, nem o encerramento. Mas um período longo onde não tenho mais reflexões acerca do amor ou outros sentimentos para oferecer. É preciso mais novidade, mais diferença. Para escrever eu preciso de ventos fortes soprando no ouvido, tão fortes que não conseguiria pensar em nada, a não ser naquilo.

Embora não saiba o que está reservado mais na frente, eu posso dizer que é uma pausa que vai demorar um pouco. Porque uma gota d'água não alaga, mas emoção em excesso e com intensidade inunda, preenche. Não parem de amar e de se apaixonar, movimentem o mundo. Mas por mim, até a hora da volta, da vinda de um novo maremoto... Vamos dar uma pausa.

terça-feira, 12 de março de 2013

Chovia.



Era dia de chuva, e já tinham caído rios do céu. A garoa fina cobria os telhados que ficavam no nível da janela, e pingos adocicados escorriam pelo relance do vidro que víamos através das cortinas verdes.

Você tinha acordado de leve e apontado um dedo preguiçoso para a janela. Eu sorri no meio do quente/frio dos cobertores misturados ao embaçado da vidraça.  
Um beijo na ponta da orelha
 e um suspiro. 


Depois promessas quebradas, mentiras atiradas ao chão. Vou casar com você e todo dia 
vai ser calor e chuva gostosa para nos embalar.
A chuva trazia aos poros o melhor de nós, os sonhos e esperanças 
que ficam no fundo, no brilho do olho na hora do beijo. 
Você entrelaçando meus dedos e eu me aconchegando e imaginando 
se existiria melhor lugar do mundo para estar em um momento de chuva.

E que assim seja a época de chuvas. 
Pois todos os dias deveria ter calor e pingos d'água para viver. 
Amor debaixo do edredom e janelas embaçadas. 
Viva o calor de uma boa chuva, 
com beijos na orelha e muitos sussurros.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Talvez, organizar.

[Foto: Lua Clara]


Talvez ela saque exatamente do que esteja precisando. De organização! O foda é saber por onde começar. Em qual prateleira certa guardar [ou esconder] cada pensamento, cada neura que consome e corrói cada espaço imaginativo, ou até certo ponto concreto, existente nessa massa encefálica desgastada pelas atitudes erradas tomadas nos últimos meses.

As vivências. As coisas ditas em momentos que deveriam ser apagados. As coisas não ditas que até hoje permanecem na vontade de serem despejadas, vomitadas. As coisas ainda não ditas, mas que serão [ela sabe] ao tomar copos a mais. Coisas que provavelmente serão tomadas por goles engasgantes de arrependimentos. Talvez pelo fato de que serão ditas pra pessoa errada, ou não-preparada [AINDA. Esperançosamente falando].

Mas se ela sabe que serão ditas na hora errada pra pessoa errada, por que dirá? Porque ela se conhece, apesar de muitas vezes esquecer disso. Eu a conheço. Ela vai falar, ela tem vontade. Ela necessita saber de uma resposta.

Espere, minha cara. Não se precipite. Escute o tal do martelo doído na cabeça. Será que vai conseguir agir contra todas essas vontades e escutar esse nhenhenhenojento, renitente ali? Evitar aquela agonia toda vez que se lembrar da merda feita? Isso já aconteceu antes, gata. Evite!

Acho que não. Ela vai falar e depois se arrepender. Já anda até meio que agindo condizente às palavras existentes naquela massa enrolada em seus pensamentos encefálicos. E sabe o que vai acontecer depois?
Vai sentir a vontade de todas às vezes. Aquela da atitude extremista de sempre. A tal de apagar da cabeça. Pegar um puta baque e acordar com amnésia. Ou até mesmo ir ao consultório ilusório do doutor 'Howard Mierzwiak' e começar a sessão apague-toda-essa-neura-peloamordeDeus, conseguir o brilho eterno de uma mente sem lembranças e tomar em paz seu psicotrópico receitado pelo mesmo.

Talvez assim, do zero, consiga organizar nas prateleiras certas desses vinte e dois anos. Ou não?



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