" Há mais solidão num aeroporto
que num quarto de hotel barato,
antes o atrito que o contato."
(Zeca Baleiro)

sábado, 29 de setembro de 2012

Aûsub





Que você perde o controle, a identidade, que você perde tudo.
Perde a noção de todos os limites e o tempo.
Que os dois corpos ficam tão embaralhados, 
que você não sabe mais quem é quem. Ou o que é o que.
E quando essa doce confusão se tornar tão intensa, 
você pensa que vai morrer, e é como se morresse,
te deixando sozinho separado do corpo.
Mas quem você ama ainda esta ali, é um milagre.
Você pode ir pro céu e voltar com vida, e ir quando quiser...





Texto retirado do filme: O Homem Bicentenário. (Isto agradece em ser útil)
Imagem: Queria ter postado uma outra, no entanto... Essa também é bonita.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Cheiro derramado


O cheiro derramou exalando o doce sobre a camisa branca, deixando transparecer o respirar profundo. Causando o mesmo efeito colateral de sempre. Trouxe consigo de lá, do lugar de origem. Das palavras que assustaram, das salivas que neutralizaram o ácido do momento e do nó oculto como consequência.

As estrelas foram testemunhas daquele cheiro alucinógeno, mesclado ao pensamento insistente e lembranças recentes.


Presente no seu exercício constante. Musculação do cérebro, enfraquecimento do coração e fortalecimento das neuras. O quebra-cabeça de momentos, dos últimos meses, tem sido o seu mais sufocante passatempo. Uma asfixia necessária à existência do sentimento. Pertinente nas leituras e interpretações das peças ali presentes, na esperança enrustida em cada pedaço de cena formada por cada peça.


E as estrelas sabem de tudo.

O toque das notas nos ouvidos presentes. A troca musical entre a audição, olfato e tato. Momentos confusos enrolados ali. O cheiro musical, o cheiro do momento, o cheiro derramado sob as estrelas e sobre a camisa branca.


quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Parabólica de um relacionamento



Tem horas que dá vontade de acabar, de parar de vez, por motivos menores que um grão de areia. Mas quando o encontro e deslumbro o ''algo mais'', e todas as inseguranças somem.
E eu conto aqueles meus antigos novos medos, e ele me diz: ''...''

Ele me interpreta, consegue ouvir meus pensamentos, consegue ouvir meus gritos, como pode? Como pode ouvir meus gritos?
Isso me faz sentir medo, de toda essa pretensão.


É fácil gostar, ser tomado pelo outro como um gole de vinho bom, o díficil são os efeitos, a ressaca desse prazer.

Desvaneio ainda aqueles outros tempos, com um pesar grande, grande demais pra entregar-me por completo novamente. Mas como sempre é dito: agora é diferente, agora tenho alguém pra me dizer: te amo, e dizer as mais bonitas mentiras sinceras, que me interessam...


terça-feira, 4 de setembro de 2012

Sentimentos vestidos


Era uma vez uma agonia. Constante e quase que mecâncica, presente e feminina. Dentro de um corpo pequeno, se fazia grande. Quase nunca saía pra dar uma volta, tampouco sabia o motivo de sua existência. Mas morava ali, dentro da menina.

Certo dia, em mais um de seus instantes filosóficos expressivos em rios e mais rios salgados, conhecera algo que nem todo mundo conhece. Que nem todo mundo reconhece e que às vezes mora tão próximo, mas não é visto.

Ela o avistara e então, logo de cara, sentira a dúvida, essas que todos têm no início. Passara-se um tempo, não muito longo, e soubera o que era de fato, soubera seu nome também. Uns o chamam de amor, outros o confundem com paixão. É, fato que eles se vestem bem parecido, têm quase o mesmo estilo, mas logo o tempo se encarrega em definir suas diferenças.
Aquele que conhecera naquele dia era a paixão. E sabe, a dona da agonia gostava bem desse, estranhamente se sentia confortável. Estranhamente sim, pois desde quando a instabilidade, alternância de sentimentos que a paixão proporciona é confortável? Enfim, a agonia e a dona dela se sentiam bem assim.

O tempo passara e a paixão se transformara em amor. Se, é possível? Alguns acham que sim e com a agonia não fora diferente. Era boa a compania da paixão transferida em amor. Era calmo, grato e bonito. Porém a agonia, que houvera então se tornado calmaria, tinha esquecido um detalhe que a maioria esquece. Talvez por que acha quase impossível acontecer naquele momento. Esquecera que às vezes o amor mente, engana, trapaceia. Se, é amor então assim? Ninguém sabe. Ele é tão grandioso em seu tamanho e tão vasto de sentimento que se torna coisa tão inexplicável que a ciência, dona de muita verdade, não consegue entendê-lo.

Depois de ter esquecido o detalhe, virara agonia outra vez. E continua vestida de agonia até hoje. Esperando reconhecer aquele outra vez, mas noutro lugar.


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