" Há mais solidão num aeroporto
que num quarto de hotel barato,
antes o atrito que o contato."
(Zeca Baleiro)

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Olhos nos olhos.


A questão do olhar é tão discutida que às vezes é difícil falar o que tem em um olhar de verdade.
Olhar é gostoso, olhar tão de perto e ver os filamentos que fazem a íris do outro, ver além da pupila, além da pura estética, da anatomia. Ver o que realmente aquilo representa, olhar nos olhos de alguém é banhar-se na sua luz, deixar seus sonhos, sua ideias derramarem-se sobre você, é gostar daquilo, no fim.

Sempre achei difícil olhar assim, abrir-me dessa maneira, achava olhar nos olhos a maior invasão. A forma que a outra pessoa me veria de verdade, encarando-se não se mente, não se trai. Hoje, ainda evito isso, sinto medo de não agradar e tenho medo de meus olhos dizerem as coisas que eu guardo muito profundamente, que não podem despontar.

Encarar às vezes é considerado falta de educação, e me espanto em ver como as pessoas querem franqueza hoje em dia se não deixam os olhos dizerem tudo que se quer dizer. Quando sorrimos eles sorriem junto, pare em frente ao espelho, sorria e cubra sua boca, seus olhos sorriem, deles saem as lágrimas, eles semicerram-se quando estamos com sono, ficam vermelhos quando doentes ou bêbados.

Os olhos são portais, janelas da alma virou um clichê, porque eles estão além disso, estão no âmago, na caixa secreta de todos nós. Olhar nos olhos é abrir uma porta, permitir uma leitura de nós mesmo, paixões, segredos, está na parte mais intensa e íntima de todos os medos, olhar nos olhos é desnudar, abertamente se entregar.



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♪ Do Paolo Nutini eu tenho que falar muito, simplesmente me apaixonei por ele, Last Request, Million Faces e Autumn são com certeza músicas perfeitas para embalar momentos apaixonados e sonhadores.

sábado, 16 de novembro de 2013

Ciclos.





Temos consciência de que as coisas na vida estão em constante mudança, nunca serão as mesmas. Mas, chegando ao fim de um ciclo, nos pegamos em alguns momentos pensando: "Como eu gostaria que isso nunca acabasse".

A gente se adapta, se acomoda. E sabemos que podemos voltar aqueles mesmos lugares, com as mesmas pessoas. Mas será diferente. Não é o mesmo tempo, nem as mesmas experiências.
Muitas vezes eu me perguntei, durante a adolescência, qual o momento em que nos tornamos adultos. 

E hoje, descobri que, na maior parte do tempo, precisamos identificar quem são as pessoas que nos fazem adultas também. Quem nos ensinou de todas as formas, na teoria ou prática. Quais situações e quais lugares nos trouxeram hoje ao lugar onde estamos.
 
É preciso seguir em frente, nunca parar, crescer. Eu gostaria que muitos ciclos nunca acabassem, mas eles se fecham... Para dar lugar a outros e mais outros, até o dia em que não haverá mais ciclo a ser renovado, apenas concluído. Mas o mais importante é: manter por perto quem nos faz crescer, mudar para melhor e evoluir. As pessoas que nos tornam adultas, enfim.

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quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Saudade.




Saudade é uma coisa assim: Você gosta e não gosta de sentir. Uma dorzinha gostosa, um querer ver, vontade de beijar, de abraçar, é lembrar daquele sorriso e sentir uma coisinha aguda bem no fundo do peito, pensar em momentos bons e sentir uma dormência pelo corpo inteiro.

Mas em algumas horas dói tanto que dá vontade de chorar, de sair de casa, pegar um ônibus, andar. Encontrar aquele alguém, aquele lugar, o toque que te faça vibrar. Por vezes é bom sentir saudade mas depois de um tempo entristece, o coração chora, endurece, dá lugar à solidão.

E quando matamos a saudade? Que o peito explode, vem um sorriso espontâneo, encantador, dá vontade de cantar, de amar. Porque afinal, saudade é bom sim, faz bem ao coração, você passa algum tempo longe e tudo muda de figura, é mais prazeroso, mais delicioso, ver o rosto ou o lugar amado depois de tanto tempo, parece que tudo conspira para que seja perfeito.


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Sinto falta de muitas coisas, algumas companhias, alguns sorrisos, lugares, abraços, algumas ainda estão no estágio gostoso, da dorzinha boa... Algumas já avançam rapidamente e ficam doendo até serem exterminadas, gosto de pessoas que me fazem sentir saudade, pois essas pessoas são as que se tornaram essenciais.
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♪  Escuta esse meio antiga, Don't Tell Me da Madonna  ^^

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Flores.




Já escutei muito algumas mulheres falando: "Não gosto de receber flores, elas vão morrer de qualquer jeito". Acho besteira dizer isso, pronto, falei. Flores são tentativas de demonstrar que ainda existem gestos românticos. Acho lindo ver homens nas ruas carregando buquês que estão prestes a entregar, olhar moças sorridentes no ônibus enquanto carregam, orgulhosas, uma simples rosa.

Ah, eu sei, que coisa mais à moda antiga. Só ganhei flores uma vez, três rosas vermelhas, pra ser exato. Rosas vermelhas não são as que eu mais gosto, mas naquela noite foi. Gosto de tulipas, são as que eu mais gosto, mas nunca recebi. Hoje, os presentes variam desde livros até eletrônicos. E o romance fica perdido em um cartãozinho comprado e colocado dentro, na maioria das vezes com uma frase já impressa.

Não precisam ser rosas vermelhas gigantes em um buquê todo arrumado e cheio de papel celofane. Pode ser uma flor que pegaram no caminho e deram... Significa que alguém lembrou de você. Flores tem entre suas pétalas mais do que perfume e cores belas... Desde muito antes elas carregam histórias de amor e demonstrações de paixão.

Mas está tudo relacionado a essa ideia atual de que mulheres não precisam mais dessas coisas. Se você dá chocolate elas reclamam que vão engordar. E se você dá flores elas desprezam, como se fosse a coisa mais sem graça.

Pois eu discordo dessas atitudes, porque sei que, ao menos comigo, alguma coisa derrete por dentro. Mulheres querem ser adoradas e desejadas. Adoram escutar todos os dias que são lindas. E toda mulher merece receber em algum momento da sua vida uma flor que seja. É bom ser mimada de vez em quando e deixar de lado tudo que é mais moderno. Romance faz bem, vai que você gosta?





                                                                 Foto: Março, 01/2009.
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