Era dia de chuva, e já tinham caído rios do céu. A garoa fina cobria os telhados que ficavam no nível da janela, e pingos adocicados escorriam pelo relance do vidro que víamos através das cortinas verdes.
Você tinha acordado de leve e apontado um dedo preguiçoso para a janela. Eu sorri no meio do quente/frio dos cobertores misturados ao embaçado da vidraça.
Um beijo na ponta da orelha
e um suspiro.
Depois promessas quebradas, mentiras atiradas ao chão. Vou casar com você e todo dia
vai ser calor e chuva gostosa para nos embalar.
A chuva trazia aos poros o melhor de nós, os sonhos e esperanças
que ficam no fundo, no brilho do olho na hora do beijo.
Você entrelaçando meus dedos e eu me aconchegando e imaginando
se existiria melhor lugar do mundo para estar em um momento de chuva.
E que assim seja a época de chuvas.
Pois todos os dias deveria ter calor e pingos d'água para viver.
Amor debaixo do edredom e janelas embaçadas.
Viva o calor de uma boa chuva,
com beijos na orelha e muitos sussurros.
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