" Há mais solidão num aeroporto
que num quarto de hotel barato,
antes o atrito que o contato."
(Zeca Baleiro)

terça-feira, 23 de abril de 2013

Memorabilia.


Quando abro minhas caixas coloridas, gastas nos cantos, cheias de papéis, documentos e tantas coisas... Lá está você. É como um pedestal, nada obsessivo, mas é como também vive dentro de mim. Você está longe dos olhos, assim não o sinto no coração.

Nossos melhores sorrisos soterrados sob papéis velhos, provas, fotos e notas fiscais. Enterrados debaixo do pós-amor, da calmaria depois da tempestade. Sob as minhas mentiras, conquistas, vergonhas, orgulhos. As melhores  poses e recadinhos trocados entre sms's (eu anotei tudo), todos emolduram sua imagem distante, milenar na minha contagem do tempo.

Porque você... Você é meu pôr do sol favorito. É como um reflexo perfeito na água pouco antes das gotas de chuva. É o último pedaço da melhor torta de chocolate, que a gente pega com a ponta da colher e saboreia cada partícula. Você é um milagre que me dá um beijo empoeirado e envelhecido entre os papéis.

Você é o traço de luz que fica grudado na retina depois que a estrela cadente passa. É o álbum de fotos depois da melhor das festas. Você é memória pura, papel amarelado que fica escondido e quando a gente acha, lê com nostalgia. Você passou. E nas traças do armário, nas fibras cardíacas, nos olhos mesmo que fechados, ficou.

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