" Há mais solidão num aeroporto
que num quarto de hotel barato,
antes o atrito que o contato."
(Zeca Baleiro)

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O Cheiro da minha Rosa.





Apesar de parecer com muitas outras, a rosa que eu cultivava no meu jardim tinha muitas peculiaridades. Por isso ela acabou sendo por muito tempo, única pra mim. 

A minha rosa era calma e serena. Tinha o cheiro doce e a voz suave. Além disso, tinha o sorriso largo e alegre.

A minha rosa falava em tom baixo e de forma pausada. Escutar ela falar me acalmava. Ela tinha a gargalhada mais escandalosamente deliciosa que eu já ouvi.

A minha rosa era atenciosa com todos. Estava sempre à disposição para um bate papo descontraído ou mesmo para dar uns conselhos quando necessários. Não por acaso ela vivia cheia de “causos” divertidos pra contar.

A minha rosa me ensinava dia-a-dia que é importante ser espiritualizado e buscar constantemente o equilíbrio em nossas ações.

A minha rosa gostava de ler tirando lições e aprendendo sempre algo mais. 

A minha rosa adorava falar baixinho ao pé do ouvido até eu dormir. Às vezes ela até dormia antes mim, mas mesmo assim eu gostava...

A minha rosa sabia quais “músicas da noite” eu gostava de receber por mensagem de celular nos dias que estava longe dela.

A minha rosa gostava muito de arte, nas diversas possibilidades em que ela pudesse se apresentar.

A minha rosa adorava cozinhar, usando pouquíssimo tempero e bastante sal. Por sinal, a sua comida de dia de domingo era deliciosa. Ela não gostava muito de sucos e saladas variadas.

A minha rosa não era ciumenta nem insegura, apenas um pouco carente.

A minha rosa às vezes tinha algumas crises existenciais. Nesses dias ela ficava um pouco impaciente. Mas isso costumava passar facilmente, quando era regada com carinho e cafuné.

A minha rosa sabia se estava feliz ou triste, só de me olhar. Meus olhos podiam enganar a muitos outros olhos, mas não aos dela.

A minha rosa gostava muito de brisa e café forte.

A minha rosa, como tantas outras, gostava de falar muito (muito mesmo!). Mas ao contrário da maioria, ela sabia também a hora de escutar.

A minha rosa era bem culta e por isso acabava me ensinando o significado de palavras que até então desconhecia.

A minha rosa gostava do toque, do cheiro... do beijo devagar e demorado, exatamente assim, “o jeito que ela gostava mais”. [risos]

Tudo isso fez com que a minha rosa se tornasse única dentre tantas outras semelhantes. O seu cheiro a tornava inconfundível. 



-

Um comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...