" Há mais solidão num aeroporto
que num quarto de hotel barato,
antes o atrito que o contato."
(Zeca Baleiro)

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Sobre cartas.




"Mesmo assim, não lhe pareceram necessárias tantas explicações, embora pedisse a Fermina Daza o favor de não ler a carta.

_ Claro - disse ela - No fim das contas, as cartas são de quem as escreve. Não é certo?
Ele deu um passo firme.
_ Sem dúvida - disse. - Por isso são a primeira coisa que se devolve quando há um rompimento".

Ou não. Talvez o Florentino esteja errado. Esse trecho é de um livro que li recentemente, "O amor nos tempos do cólera", de Gabriel García Márquez. Ele tem um romance inteiro feito de cartas, mil cartas, recheadas de flores, perfumes e promessas. Um amor escrito, idealizado.
Cartas são presentes. Sempre me expressei melhor escrevendo. Esse é, afinal, meu elemento. Costumava fazer cartões de aniversário gigantes há uns anos, cartas enormes, ou pequenas, mas com um conteúdo considerável.
E acredito, muito mesmo, que podemos manter amores por cartas, se apaixonar, viver um a vida do correspondente. Hoje cartas são tão subestimadas que ganhar uma já é antiquado. Mas, para mim, nada substitui uma boa carta, escrita a mão, em páginas bonitas ou arrancadas de caderno, escritas no susto do momento, inflamadas de pura paixão, ou ponderadas e quase desenhadas.
Nosso melhor e nosso pior, cartas de amor e de raiva, letra pura, essência. Guardo cartas de anos atrás, porque é um prazer reler algumas e saber que em algum momento do passado alguém pegou uma caneta e me escreveu algo. Afinal, cartas são passado, são presentes.

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